Arroz do bom em Santa Catarina

Santa Catarina deverá reassumir o posto de estado com maior produtividade de arroz neste ano, título perdido para o Rio Grande do Sul na safra passada em virtude das intempéries.

Santa Catarina deverá reassumir o posto de estado com maior produtividade de arroz neste ano, título perdido para o Rio Grande do Sul na safra passada em virtude das intempéries. E foi justamente os fatores climáticos que atrapalharam a safra gaúcha do grão. A chuva em excesso causou perdas e nem em todos os casos o replantio foi possível. Tanto a colheita no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina ainda estão em curso – os gaúchos colheram apenas 17% da safra e os catarinenses mais de 30% – e, por isso, as projeções são feitas em cima do que já foi retirado da lavoura, mas a expectativa é que a produtividade dos arrozais catarinenses seja 4,2% maior que na safra passada, quando o estado colheu cerca de 1,1 milhão de toneladas, e que a área plantada seja 0,6% maior que os 149,8 mil hectares da safra anterior.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Catarina deve colher em média 7,2 mil quilos por hectare, enquanto que no Rio Grande do Sul, o volume médio deve ficar em 6,7 mil quilos/hectare. Conforme Luiz Marcelino Vieira, economista e analista de mercado do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), os principais fatores para este aumento na produtividade da lavoura de arroz foram o clima, a melhoria no manejo e o emprego de tecnologia adequada.

Preço da saca em torno de R$ 27

Além de uma safra melhor que a passada, em termos de rendimento, os preços não devem ter uma queda vertiginosa. Segundo Luiz Marcelino Vieira, economista e analista de mercado do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), os preços da saca de 50 quilos, que estão entre R$ 29 e R$ 30 em Santa Catarina, e entre R$ 28 e R$ 29 no Rio Grande do Sul, devem chegar ao máximo em R$ 27 durante a safra. "Hoje em Santa Catarina o preço está maior. Mas o Rio Grande do Sul é a mola mestra e nós entramos na onda para tentar segurar algumas vendas para tentar melhorar os preços", explica.

Segundo Vieira, países como a China, Índia e Paquistão, grandes produtores de arroz, terão resultados piores que em anos anteriores, devido às chuvas, e, consequentemente, deixarão de exportar certa quantidade do grão, abrindo espaço para o produto brasileiro. A maior produção catarinense deve ser absorvida pelo mercado nacional, mas o Brasil ainda deverá continuar buscando o produto em países como Argentina e Uruguai para suprir a necessidade.

Quebra na produção no Sul é fato isolado, diz analista

Se o rendimento da safra catarinense tende a melhorar, a regra não está valendo para algumas lavouras da região Sul, que estão apresentando quebra na produção em decorrência da onda de forte calor no início de fevereiro. Mesmo assim, Vieira diz que o ocorrido deve ficar mais como um fato isolado do que ser uma regra geral na região.

No Vale do Araranguá, entre 50% e 60% do arroz já foi retirado da terra, e a previsão inicial era de uma safra acima do esperado devido ao bom desenvolvimento vegetativo dos pés. No entanto, segundo René Kleveston, engenheiro agrônomo responsável pela parte de arroz da Epagri de Araranguá, o excesso de calor está ocasionando perdas maiores que as esperadas, mas menores que na safra anterior, pelo menos no Vale. "Diferente da safra passada, onde houve sinistros maiores, e com exceção de alguns lugares, como Timbé do Sul, que o granizo causou sérios prejuízos, as lavouras não estão ruins, mas há perdas em torno de dez sacos por hectare", analisa. Segundo ele, as perdas são em função do intenso calor no período de florescimento, que impediu a fecundação das flores e, consequentemente, o enchimento dos grãos.

Saiba mais:

3 mil famílias vivem do arroz no Vale

50 mil hectares é a área cultivada

6,9 mil quilos por hectare

Forquilhinha deve ter queda de até 30%

Já na Amrec, o desempenho da safra deste ano pode ser inferior que na anterior. Em Forquilhinha, ainda há produtores colhendo, mas as perdas consideráveis já estão sendo detectadas. Segundo Mário Westrup, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Forquilhinha e rizicultor, há locais em que a quebra deve chegar a 30%. "Foi sol demais na época errada. Tem gente que colheu 170 sacos por hectare no ano passado e agora colheu 100", conta.

Outro produtor que teve prejuízos foi Marcelino Schmitz. Ele cultiva 80 hectares no município e ainda está colhendo parte da produção, mas já calcula que irá tirar do solo menos mil sacas. Mesmo com a queda, Schmtiz tem esperança que o produto tenha uma valorização maior no mercado e afirma que o ideal é que o preço girasse em torno de R$ 30 a R$ 35 por saca, para que os trabalhadores rurais tivessem um rendimento maior.

Associação quer que royalties pagos sejam usados em estudos

Na tarde de ontem, representantes da Associação Catarinense dos Produtores de Sementes de Arroz (Acapsa), entregaram um documento ao governador Luiz Henrique da Silveira, no Centro de Treinamento de Araranguá (Cetrar/Epagri), solicitando que os royalties anuais pagos pelos produtores sejam utilizados na pesquisa do arroz. Hoje, durante o Dia de Campo no Cetrar, a solicitação será entregue ao secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Antônio Ceron, e ao presidente da Epagri, Luiz Ademir Hessmann.

5 Comentários

  • Já temos arroz no RS a R$ 26,00!! Pode baixar mais na semana que vem!!!

  • É uma vergonha esse preço de arroz a 26.00 a saca!!

    Onde vamos parar!!

    Mario Tonisi

  • Os preços sempre serão determinados pelas leis de oferta e procura, com o agravante de vivermos com impactos imediatos da abertura de fronteiras. O que é uma vergonha de fato é o custo elevado de produção no Brasil. Se o governo reavaliasse sua política, oferecendo melhores condições aos produtores, teríamos um custo menor (tal como nossos vizinhos do Mercosul), e o arroz na faixa de R$27 seria altamente remunerador. O agricultor brasileiro é um HERÓI!!!

  • Estão forçando nós exportar…
    Impraticavel esses preços do arroz em casca.
    Vale plantar o risco climatico que acada dia é maior.
    Chega na safra e ninguem faz nada…

    Melhor um SUPER HERÓI!!!!

  • Além dos preços baixos e ter prejuíso na lavoura, o agricultor terá que esperar até o próximo ano contando novamente apenas com a sorte.Querem apenas ajeitar a carga para nós ,e não alivia-la. E ainda querem que continuamos sendo SUPER HERÒIS. E viva o agricultor brasileiro!!! super herói de todos os dias.

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