Arroz em novo patamar

A cerimônia de abertura oficial, programada para o dia 11, contará com a participação do vice-presidente da República, Hamilton Mourão.

Depois de um ano de grande valorização, com momentos em que a saca de 50 quilos chegou a ultrapassar os R$ 100, o setor orizícola se prepara para iniciar a colheita da nova safra de arroz com perspectivas seguras de rentabilidade e portas abertas para a exportação. Entre os dias 9 e 11 de fevereiro, a 31ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz em Terras Baixas, na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, vai debater justamente este novo patamar da cultura e indicar caminhos para que se torne cada vez mais profissionalizada e sustentável.

O evento terá formato híbrido, presencial e virtual. A cerimônia de abertura oficial, programada para o dia 11, contará com a participação do vice-presidente da República, Hamilton Mourão. No dia 9, haverá uma manifestação virtual da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Para a safra 2020/2021, com área consolidada em 968 mil hectares e produtividade estimada em 7,8 toneladas por hectare, a produção gaúcha de arroz deve chegar a 7,68 milhões de toneladas, volume 3% menor que o do ano passado, com perdas pontuais que já são esperadas em razão da estiagem.

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) – entidade que promove o evento junto com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Embrapa – , Alexandre Velho, prevê uma safra com grãos de qualidade, preços remuneradores partindo de R$ 85 pela saca e demanda internacional aquecida pelo produto brasileiro. Isso aponta para a exportação de 1,5 milhão de toneladas. Velho explica que fatores como a taxa de câmbio acima dos R$ 5 e a abertura de novos mercados para o arroz brasileiro vão garantir este patamar de comercialização para o produtor e manter o preço do quilo do alimento ao consumidor entre R$ 4 e R$ 5, valor que considera baixo na cesta básica se comparado com a proteína animal e com os hortigranjeiros.

De acordo com o coordenador da Regional Zona Sul do Irga, André Barros Matos, ainda é difícil quantificar quanto da produção foi comprometida com a estiagem. Matos acredita que no início de março é que se vai saber a extensão do prejuízo nas lavouras irrigadas que tiveram problemas com a falta de água ou com a salinização da água disponível para o uso em pivôs. “Temos relatos de perdas em todas as seis regiões produtoras do Estado”, revela.

Medidas sanitárias e novidades

A estação da Embrapa Clima Temperado em Capão do Leão sedia pela terceira vez a Abertura Oficial da Colheita do Arroz. Neste ano, em razão da pandemia, a unidade se preparou para cumprir todos os protocolos sanitários. A prevenção inclui o uso de máscaras, álcool em gel, limitação de público a 1,2 mil pessoa por dia, medição de temperatura e escolha de ambientes com ampla circulação de ar para palestras e debates. Os nove hectares de área da estação são considerados suficientes pelos organizadores para abrigar as 65 vitrines tecnológicas, que vão expor tecnologias de oito unidades da Embrapa, do Irga, das Universidades Federais do Rio Grande do Sul (Ufrgs), de Pelotas (Ufpel) e de Santa Maria (UFSM) e de 50 empresas privadas.

O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Roberto Pedroso de Oliveira, ressalta que, além da unidade Capão do Leão, as Embrapas Arroz e Feijão, Pecuária Sul, Cerrados, Solo, Soja, Trigo e Gado de Leite levarão experimentos à “Abertura”. E chama a atenção para o fato de que, embora o evento seja direcionado prioritariamente para o arroz, também serão abordados outros cultivos de grãos, a integração lavoura e pecuária, a diversificação e questões ambientais. “Estas pesquisas são direcionadas para as áreas de terra baixas, que é a denominação atualizada para as regiões de várzea e que no Rio Grande do Sul representam 5,4 milhões de hectares”, esclarece.

Oliveira adianta ainda que, entre os experimentos que serão apresentados, estão cultivares resistentes a doenças, de grande produtividade e qualidade, já disponíveis ao produtor; sistemas de manejo da integração lavoura e pecuária; e uma pesquisa sobre a mitigação de emissões de gases de efeito estufa, que demonstra adequações em modelos produtivos de rotação de cultura, em especial o arroz irrigado, e que promovem redução das emissões de gases da atividade agropecuária em terras baixas.

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