Arroz, feijão, carne e batata: alta de 16%

Pesquisa do Dieese aponta aumento em quatro itens básicos da tradicional refeição brasileira; famílias já substituem por outros produtos.

O mais tradicional e clássico prato brasileiro, com arroz, feijão, bife e batata, tem ficado mais ‘salgado’ para o consumidor. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), este grupo de quatro ingredientes sofreu alta média de 16,5% neste ano em comparação com 2006.

Individualmente, o maior reajuste foi da batata, que subiu 28%. Em seguida vem o feijão, que ficou 21% mais caro, depois a carne, com alta de 11%, e o arroz, que aumentou 6%.

Para muitas famílias, o jeito está sendo abrir mão do tradicional cardápio de todo dia, substituindo a mistura por outros itens mais baratos. Outras diminuíram a freqüência de compras nos supermercados e também a quantidade dos produtos. Foi a postura adotada pela dona de casa Márcia Beraldo, 42 anos, que passou a comprar dois sacos de arroz por mês, ao invés dos três que trazia todos os meses do supermercado.

– O feijão também estou comprando menos. Hoje, passo o mês com um saco. Antes, comprava três. Também estou correndo do açougue, porque a carne subiu muito. Não estou substituindo nada, mas comprando bem menos do que eu estava habituada – comenta.

A iniciativa de Beraldo é um comportamento que, segundo o gerente de supermercado Jair Barbosa de Lima, tem sido muito comum entre os consumidores.

– Os clientes estão freando bastante as compras e pesquisando muito. Muitos não deixam de comprar, mas gastam bem menos e ficam ansiosos pelas ofertas – revela.

De acordo com Lima, produtos como a carne, por exemplo, encareceu cerca de 15% para o consumidor neste ano, além do arroz, que sofreu uma alta em torno de 5% a 8% do ano passado para este.

– No caso da carne, a gente percebe que tem muita gente trocando por carne de frango. Já a batata, que também teve alta, começou a perder espaço para a cenoura, o chuchu e a abobrinha. No caso do arroz, o pessoal reduziu a quantidade no carrinho – destaca Lima.

Ainda segundo ele, dos 180 fardos do cereal que a loja vendia até o ano passado, agora a venda caiu em torno de 30%.

Entre os motivos apontados para esse cenário estão a entressafra e a seca prolongada, que motivaram a alta do arroz e da batata, e o aumento das exportações, no caso da carne. Reinaldo Cafeo, economista responsável pelo Data-ITE – banco de dados estatísticos de Bauru e região – ressalta que essa tendência também se reflete na cidade.

Ele explica que os últimos levantamentos do valor da cesta básica demonstram que os itens do principal prato do brasileiro sofreram um aumento significativo.

– Depois de anos em que os alimentos seguraram a inflação, dada a grande oferta no mercado, podemos afirmar que este ano, mais precisamente de quatro meses para cá, a situação inverteu – explica.

Para o economista, fatores sazonais e também ligados à demanda desses produtos devem ser responsabilizados pelo encarecimento ao consumidor.

– Com renda maior, mais emprego, há um incremento no consumo, e com ele aumento de preços. É um movimento de busca de recuperação de margens pelo produtor e revendedor, e na outra ponta, um comportamento mais consumista do brasileiro – completa.

Cafeo lembra ainda que alguns itens com cotação internacional de preços continuam com forte demanda estrangeira.

– Isso diminui a oferta interna e baliza os preços pelo mercado internacional.

Contenção

Evitar um gasto adicional com esse representativo aumento no preço de itens básicos da alimentação não é tarefa fácil para ninguém, principalmente àquelas famílias com crianças em casa, que precisam dos nutrientes desses produtos.

Para o economista Reinaldo Cafeo, o melhor que essas pessoas têm a fazer é substituir os itens que encareceram por outros mais em conta e, sobretudo, pesquisar preços.

– Buscar marcas menos conhecidas, ou até mesmo produtos que sirvam para a mesma finalidade. Carne por peixe ou frango; arroz por macarrão e assim por diante. Também é fato que há muita discrepância de preços, portanto, a velha conhecida pesquisa ainda deve fazer parte da rotina das pessoas – orienta Cafeo.

De acordo com o economista, o consumidor não deve esperar queda dos preços, porque a maioria deles veio para ficar.

– Se houver (baixa de preço), será um ou outro ajuste. Na média, não acredito em quedas expressivas – acrescenta.

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