Arroz no cocho
Farelo e quirera substituem a ração de milho e fazem surgir o porco arrozeiro.
Quando decidiu vender uma propriedade de 1,4 mil hectares e 1,5 mil bois para montar uma granja de suínos em Itaqui (RS), na fronteira com a Argentina, o produtor rural Alceu Cunegatto Marques foi olhado de viés pela maioria de seus amigos. Primeiro, estabelecia de forma pioneira uma nova atividade numa zona tradicionalmente dominada pela pecuária bovina. Segundo, criou uma dieta alimentar para os porcos sem adicionar um grão sequer de milho, o programa zero milho, e tornou a sua empresa a maior produtora individual de suínos da América do Sul.
A iniciativa, que ocorreu há 17 anos, tornou-se uma das historias mais citadas na região da fronteira-oeste gaúcha quando se quer falar sobre o sucesso e a ousadia dos empresários. A Yargo Suinocultura reúne hoje quatro granjas em Itaqui, com uma produção media de 88 mil animais/ano. A empresa tem um plantel com quatro mil matrizes, enviando a frigoríficos a media mensal de 7,33 mil animais prontos para o abate – todos engordados a base de farelo e quirera de arroz – com um peso médio de 112 quilos.
A Yargo nasceu da inquietação de Alceu Marques com o aproveitamento dos resíduos do arroz. Por 20 anos ele foi presidente da Camil, segunda maior beneficiadora de arroz do Rio Grande do Sul – hoje empresa privada, quando ainda era cooperativa. "Sempre me chocou o fato de milhares de toneladas de farelo resultante da fabricação do óleo de arroz serem jogadas no Rio Uruguai ou outros cursos d’água que circundam a cidade", afirmou. Segundo ele, além de um grande prejuízo ao ambiente, o sistema demonstrava falta de criatividade no aproveitamento de um subproduto que poderia ser matéria-prima.
A RAÇÃO BÁSICA
8,95% de farelo de soja
47% de quirera
1% de óleo bruto de arroz
39% de farelo de arroz
Premix
Substitutos lácteos, sal, açúcar e calcário