Arroz orgânico, aliado da agricultura familiar

 Arroz orgânico, aliado da agricultura familiar

Casal Aparecido Donizeti Nunes e Zilda Rosa Nunes deu início ao plantio de arroz sem agrotóxicos há três anos, no sítio em Nova Itapirema

Produtores da agricultura familiar da região estão investindo nas plantações de arroz orgânico, uma alternativa para o cultivo da cultura de grãos que já foi forte na região e hoje não gera atrativo.

Produtores da agricultura familiar da região de Rio Preto estão investindo nas plantações de arroz orgânico, uma alternativa para o cultivo da cultura de grãos que, há muito tempo, não desperta mais o interesse dos agricultores. Segundo estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a cultura do arroz no Brasil, nos últimos dez anos, a produção de arroz no Estado sofreu redução de 50%.

"Antigamente, praticamente todos os municípios do Noroeste Paulista possuíam plantações de arroz. Hoje, tem município que é zero em plantação da cultura. O interesse pelo arroz orgânico pode ser uma nova realidade para pequenos produtores", disse Andrey Vetorelli Borges, engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Desenvolvimento Sustentável (CDRS) de Rio Preto.

O casal de agricultores Aparecido Donizeti Nunes e Zilda Rosa Nunes deu início ao plantio de arroz sem agrotóxicos há três anos, no sítio de quatro hectares da família, em Nova Itapirema, distrito de Nova Aliança. Cido, como é conhecido, conta que ganhou a semente de arroz de um amigo que mora no Rio Grande do Sul. "Há tempos procurava uma semente de arroz que fosse natural e agora que consegui encontrar, foi uma ótima experiência. Um grão rendeu muito arroz", diz o agricultor.

Cido colheu 40 quilos de arroz orgânico- limpo e beneficiado – e já plantou, em área maior, o que vai ser equivalente a uma colheita de 150 quilos. Ele conta que estudou bastante o cultivo do arroz natural, diferente daquele que ele conheceu e até trabalhou em outras experiências como agricultor. Eram, então, sementes híbridas, onde já se usou algum componente de agrotóxico.

O cultivo do arroz não exige muito. "É preparar o solo, com o próprio capim, depois venho com a matraca (plantadeira manual) para semear o arroz", explica Cido. Na região, o mês ideal para o plantio é setembro e a colheita, entre novembro a fevereiro.

Há 30 anos na lida com a agricultura natural, Cido é o homem do campo que aprendeu com a natureza a cultivar, além do arroz, hortaliças, frutas e legumes, sem precisar degradar o solo com máquinas, nem a usar produtos químicos. "Sou das antigas, tenho o meu arado, com um cavalo mansinho, que me ajuda no trabalho."

Na colheita do arroz, que é manual, Cido e a família contam com a ajuda dos vizinhos. Depois, é preciso colocar o arroz para secar- e os agricultores cobrem o chão com uma lona para espalhar os grãos nesta etapa- e fazer o beneficiamento com a ajuda de uma máquina portátil.

Cooperação
Os produtores da agricultura familiar que cultivam o arroz orgânico não contam com maquinário, funcionários ou apoio de indústrias que fazem o beneficiamento. Eles usam todo o trabalho manual e, para beneficiar o produto, um empresta para o outro a "maquininha", que dá o acabamento final ao grão. "Este é o maior entrave, tudo é na mão, o que também encarece o produto", diz o engenheiro agrônomo Andrey Borges.

Por outro lado, Andrey avalia que a produção orgânica causa menos impacto ambiental, não agride o solo e o produtor não faz o uso de agrotóxicos, o que garante melhor qualidade do produto.

Com a cooperação de um amigo agricultor que já cultivava o arroz orgânico, Sônia Aparecida Tarelho de Oliveira conseguiu as sementes do arroz agulhinha e também a máquina portátil para o beneficiamento. No ano passado, Sônia plantou o arroz em uma área de 900 metros quadrados e colheu cerca de 50 quilos, na chácara da família em Mirassol.

Sônia, que só trabalha com a agricultura natural, conta que já fazia o plantio de feijão – ela cultiva os do tipo rosinha, rajado, bolinha, cara-suja e preto- e resolveu plantar o arroz, sem muita pretensão de colher grande quantidade do produto. "Mas rende muito e agora quero investir, inclusive, no plantio de arroz negro".

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