Arroz pode ajudar a resolver problemas ambientais
Embrapa reuniu produtores e estudantes para conhecer o cultivo de arroz em terras altas que pode ajudar na solução de problemas ambientais.
Com o tema novas tecnologias para o cultivo do arroz de terras altas em áreas velhas, a Embrapa reuniu produtores e estudantes interessados em conhecer mais sobre a cultura.
No dia de campo, realizado na área experimental da prefeitura, no bairro Alto da Glória, também foram apresentadas duas novas variedades de arroz, desenvolvidas para o plantio em áreas velhas.
Com os nomes Monarca e Pepita, as espécies possuem características que permitem o plantio no sistema rotativo com outras culturas, como a soja, e em áreas de pastagens.
Para especialistas, as duas novas cultivares devem ganhar espaço no mercado e preferência de muitos agricultores.
O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Tarcísio Cobucci, destacou que, caso sejam seguidas todas as orientações técnicas, os orizicultores podem conseguir um bom resultado na lavoura, como a produtividade de 70 a 100 sacas por hectare. Para isso, são necessários alguns cuidados na hora do plantio e também no uso de insumos e fungicidas.
– Numa situação de terras velhas o espaçamento tem que ser menor, de 20 até 30 centímetros. A aplicação do nitrogênio deve ser toda na base. A prática hoje se faz em torno de 25 até 40 dias, com as novas tecnologias, indicamos de 0 até 10 dias.
Flávio Wruk, também pesquisador da Embrapa, acrescentou que produtores podem utilizar novas culturas na safrinha. Hoje, o milho predomina, mas, conforme ele, o feijão safrinha pode ter resultados satisfatórios.
– Hoje nós temos somente o milho e milheto, precisamos diversificar isso. Temos o milho consorciado com a braquiária, que usa tecnoliga barata e tem resultado.
O agricultor Gerson Marina tem uma propriedade no município de Santa Carmem, a cerca de 35 quilômetros de Sinop, onde há 20 anos trabalha com a rotação de soja e arroz. A cada cinco anos, ele destina 1.600 hectares da lavoura para o cultivo do arroz.
Para ele, o surgimento de novas espécies do grão vem de encontro com as principais dificuldades encontradas pelo setor.
– É um negócio fantástico. Faz mais de 20 anos que trabalho na lavoura e nos últimos 5 a 6 anos começaram aparecer variedades novas, que já deram bom rendimento. Não tem porque não fazer rotação, esse é caminho para o agricultor.
Além de ser altamente rentável, o cultivo do arroz em terras velhas também vem de encontro com um grande problema na região: as áreas degradadas.
Tarcísio Cobucci lembrou que cerca de 80% dos 59 milhões hectares de mata derrubada na Amazônia são de pastagens.
Destes, quase 50% estão degradadas.
– Nós temos um fator ambiental e precisamos reduzir o desmatamento, então temos que usar estas áreas e intensificar a produção, e o arroz é uma cultura muito importante neste processo.