Arroz pode ter mercado futuro

O primeiro passo para a formação de um mercado futuro do arroz é a existência de um índice – como o do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/Usp).

Os produtores de arroz do Brasil poderão operar com mercado futuro do grão em parceria com os americanos. Um grupo de empresários daquele país esteve em Esteio (RS), reunido com produtores, industriais e representantes das bolsas brasileiras para discutir a formação de um pregão internacional do cereal. A missão comercial segue para a Argentina e Uruguai, onde também pretendem discutir o tema com a cadeia produtiva local.

O primeiro passo para a formação de um mercado futuro do arroz é a existência de um índice – como o do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/Usp), que tem parceria com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Procurada, a bolsa não se pronunciou sobre o assunto, pois encontra-se em período de silêncio.

– A sensação que deu é que, no fundo, querem saber como funciona a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) e a BM&F para quem sabe criar uma bolsa internacional – disse Zélio Hocsman, sócio da Cereais Pampeiro e vice-presidente da BBM no Rio Grande do Sul.

Segundo ele, a percepção veio a partir dos questionamentos do funcionamento tanto da BBM quanto da BM&F – o interesse dos americanos era maior neste aspecto que na competitividade ou não da lavoura brasileira.

Nos Estados Unidos, a criação deste mercado levou quase três décadas e, apenas há três anos existe a cotação do cereal na Bolsa de Chicago (Cbot).O grupo de americanos era formado por representantes da Associação dos Produtores de Arroz daquele país e das empresas Firstgrain e Costal RiceFutures. Entre os industriais com os quais eles conversaram estavam os da Josapar, da Camil e Urbano.

– Eles estavam colhendo informações das principais regiões produtoras de arroz do Brasil e tentando prever uma viabilidade deste mercado – afirma Tiago Barata, analista da Safras & Mercado.

Para analistas e produtores brasileiros, a criação de um mercado futuro pode reduzir a volatilidade dos preços do arroz e a intervenção governamental.

– Mas é preciso mudar a cultura dos produtores, que preferem viver o mundo da lavoura para a indústria que efetivamente colocar o produto em uma bolsa que vai atingir universo maior – afirma Hocsman.

Além de dar a garantia da produção para a indústria – recentemente as empresas de Mato Grosso tentaram fazer compras antecipadas do cereal para fidelizar os produtores e garantirem o abastecimento, mas não obtiveram sucesso.

– Temos interesse na formação deste mercado futuro, pois diminui a oscilação e sinaliza preços. Precisamos de estabilidade, de segurança para produzir – diz o ex-presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Valter Pötter.

Além disso, segundo ele, uma bolsa serviria também de referência na exportação do cereal. Ele lembra que a criação de uma bolsa necessitará também uma maior padronização do produto.

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