Arroz sequeiro melhora alimentação de famílias

Em 2004, apenas 150 famílias de Guaraciaba plantavam o arroz que consumiam. Hoje são mais de 400.

Ao longo dos anos, o arroz que ia à mesa das famílias rurais de Guaraciaba, no extremo-oeste catarinense, deixou de ser produzido nas propriedades para ser comprado no supermercado. “Em 2004, 75% das famílias das Microbacias de Lajeado Ouro Verde e Rio Flores não cultivavam mais o arroz que consumiam”, conta o engenheiro-agrônomo Clístenes Guadagnin, extensionista da Epagri/Escritório Municipal de Guaraciaba.

Foi quando a Epagri e o Projeto Microbacias 2, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criaram um projeto para estimular a produção de arroz sequeiro sem agrotóxicos para a alimentação dos agricultores.

Sementes de mais de 30 variedades locais foram resgatadas e avaliadas em unidades experimentais de pesquisa participativa. “Há variedades com ciclo precoce e tardio, de diferentes cores que, produzidas sem agrotóxicos, são extremamente saudáveis e têm qualidade nutricional diferenciada”, destaca Clístenes. Em 2005, foi criado o Kit Diversidade, um conjunto de sementes crioulas que são distribuídas entre as famílias para promover a alimentação de acordo com princípios da agroecologia. “Ao reduzir a aquisição de insumos externos, as famílias economizam e utilizam melhor os recursos da propriedade”, relata o técnico agrícola Adriano Canci, facilitador das microbacias beneficiadas.

Há quatro safras, ações de pesquisa participativa avaliam as variedades em diferentes condições e épocas para conservar a diversidade e melhorar a qualidade genética das sementes. “Considerando tratar-se de arroz de terras altas, que é cultivado sem irrigação e apenas com adubação orgânica de aves e, em algumas propriedades, com pó-de-basalto, a produção alcançada, de até 8t/ha, é superior à média catarinense em cultivos com tecnologia semelhante”, aponta Adriano. Com esses resultados, as famílias têm abastecimento garantido e produzem excedentes que são comercializados ou trocados entre vizinhos.

Em 2004, apenas 150 famílias de Guaraciaba plantavam o arroz que consumiam. Hoje são mais de 400. A produção no município abrange 60ha divididos em áreas de 400m2 a 5.000m2. A partir dessa iniciativa, foram desenvolvidos trabalhos semelhantes em Princesa, Barra Bonita, Paraíso, Anchieta e Bandeirante. “As famílias passaram a conhecer novas variedades e, agora, se preocupam mais com a produção de alimentos para sustento familiar”, destaca Leandro Hübner, técnico agrícola da Epagri/Escritório Municipal de Princesa.

Menos água – Também chamado de arroz de terras altas, o arroz sequeiro é produzido em regiões onde não é possível trabalhar com irrigação em patamares. Estima-se que 25% do arroz produzido no mundo seja oriundo desse sistema de cultivo.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter