Arroz tem menor valor de produção em três décadas, aponta Ministério da Agricultura

 Arroz tem menor valor de produção em três décadas, aponta Ministério da Agricultura

Plantação de arroz na cidade de Rio do Oeste

Volume menor e preços baixos reduzem as receitas deste ano do cereal para R$ 9 bilhões.

O VBP (Valor Bruto de Produção) das lavouras brasileiras deverá se manter em patamar recorde neste ano, próximo de R$ 377 bilhões. A pecuária, no entanto, recua 6%, para 175 bilhões. Com isso, o VBP total do setor agropecuário cai para R$ 552 bilhões, 2,3% menos do que no ano anterior.

Apesar da estabilidade das receitas no setor de lavouras, um dos principais produtos agrícolas do país, o arroz, não vai bem. As receitas do cereal, descontada a inflação, deverão ser as menores das últimas três décadas.

O VBP do arroz recuará para R$ 9 bilhões em 2018, metade do valor de 2004, quando atingiu o recorde de R$ 18 bilhões, conforme dados do Ministério da Agricultura.

Henrique Dornelles, presidente da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul), diz que “a queda é reflexo dos últimos cinco anos de crise por que passa o setor”.

Para ele, os custos elevados de produção e a remuneração baixa tiraram muitos produtores do mercado, principalmente os que estão fora do Rio Grande do Sul.

Os gaúchos, que vinham obtendo participação de 65% da produção nacional nos últimos anos, já somam 70%. A boa produtividade, a maior no mundo, ainda segura os produtores gaúchos nessa lavoura, segundo o presidente da federação.

Dornelles afirma, no entanto, que está difícil concorrer com os outros parceiros do Mercosul, principalmente com os paraguaios, cujos custos de produção são os menores na região.

O Paraguai não tem uma grande produção, mas, devido aos custos menores, acaba influenciando nos preços internos do Brasil. Há um descasamento entre custos e receitas no Brasil no país, segundo o dirigente da entidade gaúcha.

O produtor tem um gasto total de R$ 43 a R$ 48 para produzir uma saca de arroz, dependendo a região do estado, e obtém R$ 39 na hora da venda.

Mesmo com as crises atuais, o orizicultor do Rio Grande do Sul, o principal estado produtor brasileiro, vem mantendo uma área anual de cultivo próxima de 1 milhão de hectares.

Essa manutenção se deve a clima, solo e água favoráveis. A metade sul do estado é favorável à irrigação, e as áreas úmidas das várzeas dificultam o cultivo de outras lavouras. A soja, porém, vai chegando, embora de forma modesta.

As condições específicas do solo e do clima e a descapitalização do produtor dificultam um pouco a entrada da leguminosa nas lavouras de arroz, segundo o presidente da Federarroz. As terras são mais baratas, mas os desafios para a cultura da soja são maiores.

Um grande trunfo do setor é a produtividade, que gira de 7,5 a 7,9 toneladas por hectare. Outro é que o setor está bem estruturado no aproveitamento do solo e da água. “Isso gera uma potencialidade natural, que resulta em uma produtividade invejável.”

Espremido pelos custos elevados da energia elétrica, do diesel e da mão de obra, o setor necessita de novos canais de negociação.

O consumo interno cai, devido à concorrência de outros tipos de alimentos, mas a demanda externa é boa. A saída para o mercado externo, contudo, é restrita.

América Central, Caribe e África são destinos do produto brasileiro. Neste ano, as exportações deverão ficar entre 1,6 milhão e 1,8 milhão de toneladas.

O potencial brasileiro cativo de exportações, porém, se reduz a 600 mil toneladas por ano. O restante exige uma busca constante por novos mercados, desafiando a concorrência de outros grandes e tradicionais produtores.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter