Arrozeiros ainda estão insatisfeitos

Anúncio de 250 milhões para comercialização de arroz e algodão não mudou posições dos arrozeiros.

Apesar de satisfeitos com o eco nacional dos últimos dias, os arrozeiros gaúchos ainda não vêem uma solução para a crise da atual safra. – De concreto, ainda não temos nada – resumiu Francisco Schardong, vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).

À frente da mobilização que culminou no tratoraço de segunda-feira, Dia Nacional de Mobilização da Agricultura, os produtores pedem que o governo retire 1,5 milhão de toneladas de arroz do mercado, comprando o grão por meio do mercado de opções público. É uma medida emergencial para elevar o preço da saca de 50 quilos, hoje em torno de R$ 20.

Rubens Silveira, diretor comercial do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), calcula que, para adquirir esse volume (1 milhão de toneladas no Rio Grande do Sul e 500 mil toneladas em Mato Grosso) seria necessário mais de R$ 700 milhões (cerca de R$ 25 por saca de 50 quilos). Mas, até agora, o governo liberou R$ 250 milhões, anunciados na terça-feira, para a compra de arroz e algodão.

Embora o Ministério da Agricultura confirme a verba, os produtores ainda não sabem para onde será destinada e em que proporção, nem qual preço será pago ao produtor. Segundo Schardong, também presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz, o produtor “precisa, no mínimo, de R$ 27 pela saca”.

O dirigente também questiona o mercado de opções privado, criado recentemente pelo governo e por meio do qual o arroz excedente seria adquirido pela iniciativa privada.

– Os agentes privados não têm condições de manter produto armazenado por meses como o governo. O arroz continuaria circulando no mercado – disse Silveira.

Para o diretor do Irga, a aquisição é a forma mais rápida de recuperar o preço. Outra providência solicitada é barrar a entrada do arroz uruguaio e argentino que, somado ao excedente de produção do Brasil, foi o estopim da queda dos preços ao produtor.

– Nossa sugestão é que esse produto seja exportado mais tarde. Se for vendido no mercado interno, pode voltar a pressionar os preços para baixo – explicou Silveira.

ENTENDA O CASO

– Os problemas começaram em 2004, quando o Brasil atingiu a auto-suficiência na produção de arroz, ultrapassando as 12,5 milhões de toneladas. Mesmo produzindo mais do que consome, o país continuou importando o grão de países como Uruguai, Argentina, Estados Unidos e Tailândia, causando excesso de estoques e baixa de preços.

– De janeiro a abril deste ano, o Brasil comprou dos países vizinhos mais de 100 mil toneladas. A maior parte do produto entra pelo Rio Grande do Sul e vai para o centro do país.

– O arroz do Mercosul chega no Brasil custando de R$ 20 e R$ 22 a saca de 50 quilos, enquanto os custos de produção no Estado superam os R$ 30 por saca, segundo os arrozeiros.

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