Arrozeiros bloqueiam a BR 101 entre o RS e Santa Catarina

Trânsito ficou parado por duas horas e meia na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, numa ação conjunta de arrozeiros dos dois estados. Engarrafamento chegou a 15 quilômetros nos dois lados da fronteira.

Um grupo de aproximadamente 550 arrozeiros gaúchos e catarinenses bloquearam na manhã de hoje a BR 101, principal rodovia que liga o Rio Grande do Sul ao restante do Brasil, em protesto pelo cancelamento da audiência das lideranças do setor com o presidente Lula, que aconteceria hoje. Os produtores também protestam contra a entrada de arroz do Mercosul sem taxação e a omissão do governo federal em intervir no mercado do arroz, produzido ao custo de R$ 30,00 no Brasil e negociado, esta semana, entre R$ 17,00 e R$ 19,00 no Rio Grande do Sul e entre R$ 10,00 e R$ 17,00 no Mato Grosso.

Segundo o produtor de Mostardas, Clóvis Terra Machado, 250 produtores de 25 municípios catarinenses se somaram a um grupo de aproximadamente 300 gaúchos de oito municípios, que bloquearam a rodovia. O protesto foi engrossado com a participação de deputados estaduais e federais do Rio Grande do Sul e prefeitos dos municípios arrozeiros do Litoral Norte. A barreira foi levantada no Km 2 da BR 101, próximo à Vila São João, distante dois quilômetros da divisa com Santa Catarina. Trata-se de um movimento independente de produtores rurais em defesa da atividade sócio-econômico do arroz reunindo. Houve distribuição de arroz e panfletagem. O bloqueio à principal rodovia do Sul do país foi mantido até às 12h30min.

– Trata-se de um ponto muito sensível e, diante da pressão da Polícia Rodoviária Federal, os produtores resolveram levantar o bloqueio para evitar risco de acidentes ou de um confronto maior – explicou Machado.

Segundo o produtor, foi levantada a possibilidade de nos próximos dias novas barreiras serem levantadas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, inclusive na BR 101, com uma participação maior de arrozeiros. Ele afirmou que nestes casos, não haverá previsão de liberar o trânsito. Há consenso entre os produtores de só paralisar o movimento quando for confirmada a audiência com o presidente Lula, onde os líderes arrozeiros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso pretendem apresentar suas reivindicações. O movimento foi considerado muito positivo porque pela primeira vez integrou os produtores de Santa Catarina e foi organizado em pouco mais de 24 horas.

Os produtores de Santa Catarina argumentam que, mesmo tendo colhido média superior a 7 mil quilos de arroz por hectare, estão no prejuízo. Como são plantadores de pequenas áreas, média inferior a 30 hectares, os arrozeiros catarinenses costumam ser financiados pela indústria.

– Assim, no encontro de contas praticamente pagamos os insumos com toda a colheita e ficamos sem nada – informou o produtor de Araranguá, Vitorino Tastsch.

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