Arrozeiros catarinenses voltam a bloquear a BR-101

Produtores de arroz protestam contra os baixos preços e a importação do cereal
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Pelo segundo dia consecutivo, os produtores de arroz bloquearam a BR-101, que corta o Estado de Norte a Sul. O alvo de ontem foi o km 111, em Navegantes, próximo à ponte do rio Itajaí-açu. O motivo do protesto são os baixos preços da cultura. Ontem, segundo o Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa), a saca de 50 quilos estava sendo comercializada a R$ 17,00 em Jaraguá do Sul. O custo médio para produzir essa saca, na última safra, oscilou entre R$ 20,39 (Alto Vale) e R$ 24,46 (Sul).

Cerca de 250 rizicultores de Navegantes, Itajaí, Ilhota, Luis Alves, Piçarras, Itapema, Camboriú e também do Sul catarinense praticamente pararam o trânsito na rodovia e distribuíram 2.130 pacotes de arroz aos motoristas de caminhões e veículos de passagem que trafegavam pela 101, por volta das 15 horas. O protesto foi pacífico e causou um engarrafamento de aproximadamente dois quilômetros.

Com caminhões e tratores às margens da rodovia e carregando faixas de protesto, os agricultores pediram a prorrogação de suas dívidas de financiamento e maior apoio do governo federal para conter a importação do cereal estrangeiro, que hoje entra no Brasil a preços muito mais acessíveis.

Segundo o presidente da Associação dos Rizicultores de Navegantes, Itajaí e Ilhota (Arini), Jucelei Theiss, o objetivo do protesto é chamar a atenção da opinião pública para os problemas enfrentados atualmente pelos agricultores, que tiveram uma diminuição de 43% no preço de venda do cereal, em relação ao ano passado. Um dos motivo é a importação de arroz da Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Tailândia. O Brasil atingiu em 2004 a autossuficiência na produção do cereal, ultrapassando 12,5 milhões de toneladas, mas continua importando o cereal. “Precisamos de medidas que protejam os produtores brasileiros”, diz Theiss.

O produtor Marcelo Nunes da Silva, da região de Imbituba, teve um prejuízo de R$ 50 mil. Dono de uma propriedade de 50 hectares, ele terá que reduzir o número de funcionários e diminuir a produção caso a situação não se resolva. “Cerca de 25 pessoas dependem exclusivamente da minha plantação. O problema é grave, porque não podemos pagar para trabalhar.”

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