Arrozeiros gaúchos negociam AGF com o governo

Produtores consideram vantajoso trocar os últimos recursos dos contratos de opção por Aquisições do Governo Federal (AGFs).

No final da manhã desta sexta-feira arrozeiros e técnicos ligados à comercialização no Rio Grande do Sul se manifestaram favoráveis ao uso dos R$ 40 milhões restantes da primeira parcela de recursos liberados pelo governo federal para a comercialização de arroz em Aquisições do Governo Federal (AGFs) no lugar dos contratos de opção públicos e privados. A consulta realizada pelo presidente da Federarroz, Valter José Pötter, em sessão plenária do IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado em Santa Maria (RS), demonstrou que a cadeia produtiva gaúcha deverá solicitar ainda nesta sexta-feira a mudança dos mecanismos de comercialização atualmente utilizados (PROP e contratos públicos de opção).

Segundo o presidente da Federarroz, este é o prazo final para que a cadeia produtiva dê uma posição final ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sobre a questão. Ele acha que é mais importante vender 200 mil toneladas de arroz em AGFs a R$ 20,00 com pagamento à vista do que os leilões a R$ 24,00 para pagamento futuro e ágio que pode chegar a R$ 3,00 e mais os encargos. “A visão de muitos produtores é de que precisamos enxugar o mercado ao máximo e o AGF tem uma vantagem de 50 mil toneladas a menos no mercado”, frisa Pötter. Como o mercado está operando entre R$ 17,00 e R$ 18,00 no Rio Grande do Sul, o pagamento de R$ 20,00 à vista já é considerado pelos produtores como forma de amenizar o prejuízo.

O presidente do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz), Élio Coradini, também se manifestou a favor da medida e argumentou que a indústria também passa por um momento difícil. “Não há como dissociar indústria e produtor no Rio Grande do Sul. A crise para um afeta ao outro”, esclareceu. Segundo ele, é preciso que o governo federal intervenha no mercado retirando um milhão de toneladas de arroz no Rio Grande do Sul. “O AGF é um caminho, mas o governo federal tem que honrar o compromisso com o setor e investir a segunda parcela de recursos e garantir a compra de mais arroz para recompor o mercado”, explicou.

O vice-presidente da Farsul, Francisco Lineu Schardong, que também preside a Câmara Setorial Nacional do Arroz, afirmou que os produtores têm urgência no recebimento dos recursos para preparar a próxima lavoura, por isso o AGF, neste momento, é melhor do que os contratos de opção. “O pagamento é a vista e o governo paga o frete. É melhor receber R$ 20,00 agora do que receber o mesmo valor em outubro”, destacou. Lembrou ainda que em função do ágio e dos prazos mais dilatados, os contratos de opção públicos e privados não conseguiram sinalizar para um mercado altista ou equilibrado. Por isso, é vantajoso no momento fortalecer os AGFs.

Além dos R$ 40 milhões que seriam alocados para fortalecer as AGFs, os arrozeiros estão tentando conseguir mais R$ 300 milhões para retirar do mercado outras 500 mil toneladas via opções e AGF. Os produtores também estão articulando para que o limite de volume físico por produtor seja ampliado em 100%.

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