Arrozeiros negam ser responsáveis ​​pela seca do rio Tebicuary, no Paraguai

 Arrozeiros negam ser responsáveis ​​pela seca do rio Tebicuary, no Paraguai

Bombeamento de água no Rio Tebicuary, no Paraguai. (Foto: divulgação)

(Por Planeta Arroz*) Martín Heisecke, vice-presidente da Câmara dos Industriais do Arroz do Paraguai, respondeu às acusações públicas de que o setor utiliza indevidamente as águas do rio Tebicuary, no Departamento de Misiones. Nos últimos dias, houve protestos violentos e duras acusações de crimes ambientais contra os produtores de arroz. “O Rio Tebicuary tem um comportamento anual de muitos anos. De 10 de janeiro a 15 de fevereiro, mantém uma baixa porque responde às chuvas”, disse o empresário arrozeiro. “Estamos passando por uma seca única nos últimos 30 anos, nesta temporada, pois há leitos de rios que estão desaparecendo sem intervenção humana”, disse.

Sobre as declarações do economista Víctor Raúl Benítez, que em contato com o diário digital paraguaio Ñandutí destacou que “os rizicultores são responsáveis ​​pelo ressecamento dos rios e que ele não sabe o que pode acontecer se o Brasil decidir, por fatores ambientais, boicotar o arroz paraguaio que é exportado por causa de seu baixo custo”, avançou desacreditando o conhecimento que o acadêmico tem sobre as práticas da agronomia.

“Eu o desafio a debater, isso mostra que ele não entende nada de agricultura. Ele não sabe do que está falando. Jogou uma opinião muito populista. Ninguém rouba água”, retrucou Heisecke.

Em Iturbe denunciam que os arrozeiros bombeiam água do rio Tebicuary

Lavoura de arroz irrigado no com água do Tebicuary. (Foto: Divulgação)

Após um sobrevoo na região de Iturbe, Departamento de Guairá, foi constatado que supostamente os arrozeiros bombeiam água do rio Tebicuary, mesmo sob proibição, e para isso construíram um extenso canal para abastecer-se, segundo o que o prefeito de Iturbe, Éver Rodas, relatou ao diário Última Hora. A comunidade local está preparando uma queixa formal para apresentar ao Ministério Público, alegando que o rio perdeu o seu caudal devido ao bombeamento. Diversas comunidades têm protestado e responsabilizado as empresas de arroz pela redução da oferta de água nos mananciais.

Diante das constantes reclamações dos moradores pela queda histórica do nível do Tebicuary, surgiu a hipótese de responsabilizar os agricultores, no entanto, as autoridades municipais decidiram sobrevoar a área e verificaram os grandes canais de água que foram feitos para abastecer as lavouras de arroz.

O dirigente assegurou que há muito se sofre a diminuição do caudal do rio e que sempre desconfiou que se devia ao constante bombeamento dos arrozeiros. Embora não tenha mencionado qual a empresa responsável, indicou que a propriedade pertence à família Morales, que há anos arrenda este espaço a uma grande empresa do país para a produção de arroz. “Não podíamos acreditar no que vimos. Havia canais de água muito longos. Com o bombeamento, a água foi esticada do Rio Tebicuary. Já coletamos dados suficientes e vamos abrir uma reclamação no Ministério Público contra os responsáveis ​​pelo dano ambiental”, disse.

CONTRAPARTIDA 

O advogado Víctor Raúl Estigarribia, assessor jurídico da família Morales, proprietária do imóvel, salientou que o campo foi efetivamente arrendado a duas pessoas, uma delas de uma conhecida empresa que teria fornecido ferramentas a um fornecedor para produzir arroz. Sobre o segundo arrendatário, não deu detalhes, limitando-se a dizer que era arrendado para outros fins.

Sobre a denúncia das autoridades, disse que é mentira que o rio tenha sido desviado, lembrando que há 250 hectares que são abastecidos com água com duas bombas motorizadas e negou terminantemente que esteja sendo captada diretamente e em grandes proporções do rio.

“Há uma seca e por isso a planta do arroz está amarelada, devido à diminuição da água do rio. Nenhum canal foi feito para elevar a água ou desviá-la diretamente. Eles estão mentindo”, disse.

MAIS RECLAMAÇÕES

Os membros da Associação de Canoístas do bairro de Itapé já denunciaram o fato semanas atrás. A intensa descida do arroio  Tebicuarymí os afeta, pois ganham a vida transportando pessoas em canoas. Ladislao Ramírez (72), que é canoísta há 40 anos, disse que é a primeira vez na história que o nível do rio baixou tanto.

Por outro lado, no início de janeiro, o prefeito de Coronel Oviedo, Marcos Benítez, denunciou os produtores de arroz pelo suposto desvio do rio Tebicuarymí. De acordo com a denúncia, a bacia do rio está em uma crise crítica como resultado da seca, somada ao bombeamento de água pelos produtores de arroz. Em várias outras comunidades próximas ao Tebicuary a baixa histórica tem gerado protestos de políticos, instituições e pescadores. (*Com Ñandutí diário digital e diário Última Hora)

Pescadores paraguaios protestam contra arrozeiros, a quem culpam pela falta de água e escassez de peixes. (Foto: Última Hora)

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