Arrozeiros querem pagar dívidas em 35 anos

 Arrozeiros querem pagar dívidas em 35 anos

Luiz Chemale: mentor do parcelamento em 35 anos que está sendo pedido

Abertura da colheita, em Restinga Seca, pode ser palco de manifesto dos produtores.

Depois de acumular dívidas que chegam a R$ 3,15 bilhões em cerca de 20 anos, os produtores de arroz estão se mobilizando para pressionar o governo federal para que seja encaminhada para o Senado uma proposta para que o débito seja pago nos próximos 35 anos.

A ideia dos arrozeiros é aproveitar a 22ª Abertura Oficial da Colheita, que acontecerá este mês em Restinga Seca, para pressionar o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, para que um projeto de lei seja elaborado e encaminhado ao Senado. A medida passou a ser idealizada na tarde de ontem, no encontro que reuniu cerca de 140 produtores de 40 cidades no CTG José Bonifácio Gomes.

O presidente da Associação dos Arrozeiros de Tapes, Luiz Carlos Chemale, afirma que apresentou a proposta para Mendes Ribeiro Filho no ano passado, quando ele ainda estava exercendo o mandato como deputado federal.

Chemale defende que uma lei seja aprovada permitindo que o produtor tenha 35 anos de prazo para pagar a sua dívida, com dois anos de carência. O pagamento seria feito conforme o lucro do produtor a cada colheita, não podendo ultrapassar 4% ao ano. A taxa de juros proposta é de 2,5% ao ano. Esta proposta está sendo avaliada pelos ministérios da Agricultura e da Fazenda.

O presidente do Sindicato Rural de Tapes, Juarez Petry, considera a proposta de parcelamento em 35 anos adequada.

“O diferencial deste plano para o passivo das nossas dívidas é que é interessante para o governo, para os bancos e para a sociedade, porque desta forma que está sendo colocado teremos condições para o pagamento. É viável”, enfatiza Petry. Ele observa que renegociar as dívidas dos produtores para três ou quatro safras é arriscado, pois eles podem não conseguir pagar devido ao pouco prazo. Ele afirma que outras duas medidas são necessárias para a categoria: um seguro e uma política que garanta renda ao arrozeiro, pois nos últimos anos em várias safras o arroz foi comercializado por um valor menor que o mínimo.

SOJA – Produtores de soja também estiveram presentes no encontro de ontem para debater alternativas para o endividamento do homem do campo. Petry entende que os sojicultores também devem ser beneficiados com uma lei que garanta um prazo para quitar as dívidas em casos de perdas, como está sendo registrado neste ano devido à estiagem. O passivo da soja é estimado em R$ 2,6 bilhões, incluindo as dívidas relativas ao financiamento do cultivo de milho e trigo. “Acho que todos os agricultores devem estar unidos neste momento, independente da cultura, seja de várzea ou de coxilha”, defende Petry. Segundo ele, a partir de agora é preciso se organizar para protestar em Restinga Seca. Ele antecipa que o movimento deve ser pacífico para aproveitar a oportunidade de um contato direto com o ministro Mendes Ribeiro Filho.

8 Comentários

  • NÃO ENTENDI….APOS ACUMULAR DIVIDAS EM 20 ANOS, OS PRODUTORES QUEREM MAIS 35 ANOS PARA PAGA-LAS……SÓ PODE SER BRINCADEIRA…O
    QUE TEMOS QUE FAZER NAO E SERMOS TAXADOS DE SUGADORES DO GOVERNO PELA SOCIEDADE E CONSUMIDORES, E SIM, COBRAR DO GOVERNO, MEDIDAS QUE GARANTAM O PREÇO MINIMO PARA NOSSO PRODUTO, TAXA DE IMPORTAÇÃO DE ARROZ MAIS ALTA EM CASO DE ANO DE SUPERSAFRA, E OUTRAS ALTERNATIVAS QUE JÁ SE COMENTOU AQUI….AGORA, 35 ANOS PARA PAGAR DIVIDAS, SÓ NOS MOSTRARAM COMO VILOES PARA OS CONSUMIDORES, E EMPURRARA NOSSO PROBLEMA MAIS PARA A FRENTE……LAMENTAVEL….

  • Penso que este pedido de refinanciamento das dívidas com base em um percentual do lucro me parece equivocado…Primeiro porque do jeito que as coisas estão não pagaremos nunca, pois faz tempo que nossos balanços não apresentam lucros…Segundo, temos que analisar bem as questões das garantias pois os bancos e o governo quando concedem essas benécies ficam com o que é nosso bloqueado ad eternum… Entendo que a melhor forma encontrada até hoje de parcelamento da dívida foi a SECURITIZAÇÃO… Parcelas nominais contratadas em 1996 no valor de R$ 80.000,00 na época eram pagas com 10 mil sacos…Hoje precisamos de menos de 4 mil sacos para pagá-las…Do contrário, as empresas que aderiram ao REFIS, que é uma modalidade onde se paga pelo lucro, a grande maioria não conseguiu pagá-lo, tanto que já teve o REFIS 2 e o REFIS 3… A RESECURITIZAÇÃO OU SECURITIZAÇÃO 2, no meu ponto de vista é a única maneira viável…Mas de nada adianta assumir compromissos para os próximos 35 anos se não tivermos rentabilidade…Empurrar com a barriga só tem gerado essas dívidas… Sem uma política de preços mínimos ou justos, sem a redução das importações, sem a redução da carga tributária nos insumos, sem que cada produtor tenha estrutura física para depositar seu arroz, os produtores não terão rentabilidade ou lucro…

  • Caros colegas, a notícia ora publicada neste site não está completa infelizmente!
    Senhores, nesta reunião, que pode até se dizer assembleia, estavam presentes representantes de quarenta (40) municípios e 14 regiões do Estado gaúcho, com 140 produtores e representantes de Sindicatos, cooperativas e associações. Mostrando que de norte á sul, leste e Oeste os produtores estão sofrendo a grave crise que setor primário que todos sabemos. Senhores não foram noticiados, infelizmente neste site os outros pleitos e projetos de leis que serão encaminhados aos representantes do Governo ao Congresso Nacional e Senado. Além da repactuação das nossas dívidas, que hoje são na prática impagáveis, exigiremos o cumprimento da Lei do Preço mínimo, diga-se de passagem, Lei conhecida por todos nós, mas que o governo não cumpre. Um projeto de Lei que garanta ao produtor seja ele de arroz, de leite, soja, trigo, em fim segurança no Setor Primário renda e estabilidade no seu trabalho, pois é a produção de alimentos para os brasileiros e para o mundo o fruto da labuta agrícola. Nosso Movimento está na busca de uma Política Agrícola eficiente, como existem nos demais países do mundo. Vamos buscar garantias como seguro para seca, granizo, enchentes, adversidades inerentes do nosso trabalho. Buscaremos também acabar com a Lei 10295/2004, defendida por parlamentares que defenderam somente interesses das grandes Indústrias e Supermercados, quando isentaram Política estes grandes grupos econômicos dos impostos para importar arroz, feijão, farinha de trigo, vinhos, cebolas, insumos agrícolas etc. A partir de então começou a entrar arroz e outros produtos do MERCOSUL sem pagar absolutamente nada de impostos, concorrendo com nosso arroz de forma desleal e injusta, quase que criminosa, baixando o preço do nosso produto. Um verdadeiro massacre sem precedentes.

  • Senhor Flávio, nesta proposta as garantias será o produto que iremos colher.
    E se a Polítcia Agrícola por eficiente vamos ter lucros e renda, pricipalmente acabando com a crtina Lei 10295/2004. Nossa proposta é que a própria produção com seu reço minimo garantido seja a garantia, pois mesmo com crise produzimos arroz. e ele será a garantia.

  • Inclui também a proposta para credenciamento de silos particulares dos produtores, assim sairemos das dificuldades de obter os benefícios lançados pelo governo, e não mais precisaremos armazenar nosso produto em casa alheia.

  • Tem comentários que ão invés de ajudar atrapalha. Primeiro, a principal razão de estarmos reunidos era uma avaliação de cada região, que foi contemplada com 13 regiões presentes, 40 municípios, mais de 130 lideres de cada associação ou cooperativa. Infelizmente o Rio grande do sul terá quebra de safra, milho, soja e arroz. Logo saberemos o quanto perdemos, e não será pouco. Quanto a negociação é em até 35 anos com um percentual do faturamento bruto. Outra coisa: O movimento que será feito em Restinga seca é em apoio ao ministro, governador e presidenta. Porque? porque todos os estados sonham com representantes no governo federal em postos de decisão. E, isso temos naturalmente. Então, não podemos fingir que não temos, estamos alinhados de fio à pavio, se não for agora, nunca mais. Temos hoje três contas para pagar com apenas uma safra. Será que não aprofundaremos o problema? Nossa esperança é o reescalonamento das dividas, Só assim, poderemos continuar nesta área. Produzindo, gerando emprego e renda.

  • quanto mais eu leio estas medidas mais me apavoro… nao precisamos de mais prazo e sim de renda, primeiro vamos nos preucupar com a renda… a colheita esta ai e o preço ainda ta bem longe do que gostariamos…

  • Quem ler o título do texto vai achar que os produtores estão dando uma de esperto além de não pagarem querem prorrogar em 35 anos, não seria mais justo colocar: De cada 10 anos 9 o produtor tem prejuízo e necessita de 35 anos tendo lucro para poder pagar as dívidas acumuladas???
    Não adianta absolutamente nada prorrogar por 1,5,35, 50 ou 100 anos se não tivermos rentabilidade pra pagar, óbviamente que ajuda mas se não for associado a rentabilidade não adianta nada.

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