Assentamento industrializa arroz

Cooperativa de Tapes (RS) investe na produção sem químicos e passa a beneficiar, ensacar e vender cereal. Produção diferenciada garante valor agregado.

O Assentamento Lagoa do Junco, em Tapes, na zona sul do do Grande do Sul, está desmitificando a idéia de que o alto custo torna os produtos orgânicos pouco acessíveis ao consumidor. Produtores de arroz ecológico há cinco anos em uma área de 65 hectares no assentamento, um grupo de 15 famílias criou a Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados de Tapes (Coopat), que, na semana passada, inaugurou uma unidade de beneficiamento e embalagem com capacidade para 25 sacos de arroz por hora.

O rendimento foi de 9 mil sacos, totalizando 250 mil quilos beneficiados. ‘Quando aumentamos para 133 hectares, surgiu a necessidade de criarmos uma agroindústria pela segurança que dá para negociar e uma margem de lucro um pouco maior, sendo um produto diferenciado’, explica o assentado Fábio Augusto Lopes. Como resultado, toda a produção está chegando ao mercado – ainda restrito – de R$ 1,40 a R$ 1,49 o quilo. ‘Produzir arroz ecológico é mais barato. Deixamos de usar uréia, adubo e veneno. Em parte da lavoura, usamos a rizipiscicultura.’ Ele esclarece que enquanto a carpa dourada filtra a água, a carpa capim come o inço e a carpa húngara prepara o barro. ‘Economizamos com os insumos, não precisa botar a máquina na lama e ainda temos o peixe.’ Lopes ressalta que as oscilações nos preços do arroz e a quebradeira na lavoura são decorrentes do modelo atual de agricultura, que considera equivocado.

O investimento na ordem de R$ 35 mil tem financiamento do Programa Terra Sol, do Incra/RS, lançado em 2004, cujo propósito é proporcionar sustentabilidade às famílias assentadas a partir da proteção e do respeito à terra e sua função social, à saúde e o meio ambiente. A unidade de Tapes tem capacidade para armazenagem, secagem, beneficiamento e empacotamento. Outra, em assentamento de Nova Santa Rita, faz 15 sacos/hora e está em ampliação. Parte da produção é destinada ao Fome Zero e à merenda escolar.

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