Até o fim da várzea

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Tecnologia: microcamalhoeira e variedades resistentes garantem a soja em terras baixas

Tecnologia avança e faz
da soja e outras culturas alternativas eficazes ao arroz.

A evolução tecnológica reduz as limitações de manejo nas várzeas do Rio Grande do Sul para cultivo de terras altas, como soja, milho, sorgo e pastagens. Na última década, após os programas de alta produtividade que aumentaram em 2,5 toneladas o rendimento médio da lavoura gaúcha de arroz, esta tecnologia é vista como uma revolução. Os motivos são relevantes: estabelecimento de cultivos de alto valor em áreas restritas à orizicultura e pecuária extensiva e inserção da soja, milho, sorgo e pastagens no sistema de produção de arroz. A rotação de culturas é o mais eficaz método de controle de pragas, doenças e arroz vermelho resistente a herbicidas.

A tecnologia, baseada em variedades adaptadas ao excesso hídrico e ao cultivo sobre camalhões, pode incluir 2 milhões de hectares ao sistema de produção no Rio Grande do Sul e promover uma “faxina” nas zonas infestadas por plantas invasoras. A lavoura orizícola gaúcha ocupa área média anual de 1,1 milhão de hectares, mas existem cerca de 3,5 milhões de baixios no estado.

O carro-chefe da nova tecnologia é a soja. Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o cultivo de soja em várzea atrelado à tecnologia de plantio em camalhões e variedades resistentes ao encharcamento cresceu de 56 mil hectares na safra 2010/11 para 150 mil na temporada passada, representando 15% da superfície semeada com arroz, e crescerá no ciclo 2012/13 para mais de 200 mil hectares.

O gerente de Estação Experimental do Arroz do Irga, Sérgio Gindri Lopes, estima que a área de soja triplicará em quatro safras, aproximando-se de 500 mil hectares, o equivalente a quase metade da lavoura arrozeira. “Mais tecnologias serão incorporadas ao programa e às lavouras, de variedades tolerantes ao estresse hídrico até medidas que tornem mais eficiente o manejo”, diz.

Pesquisadores do Irga estiveram recentemente nos Estados Unidos e colheram subsídios sobre o manejo de milho e soja em terras baixas. “Lá, 90% das várzeas são cultivadas em rotação de milho, soja e arroz. A tecnologia superou as limitações do ambiente. É um processo parecido com o do Rio Grande do Sul”, cita. No ciclo 2012/13, o Irga intensificará as orientações de manejo, principalmente drenagem.

FIQUE DE OLHO

Um novo equipamento, a microcamalhoeira, faz toda a diferença para o cultivo de soja e milho em várzea. O implemento adaptado à semeadeira constrói um camalhão que mantém a planta elevada em relação ao solo. Este sistema possibilita a drenagem eficiente do terreno para evitar acúmulo de água que comprometa o desenvolvimento e a produção das plantas e também garante a estrutura necessária para irrigá-las. Testes do Irga mostram que, em áreas experimentais, a produtividade média supera 65 sacas de soja (60 quilos) por hectare. A média das lavouras comerciais neste terreno fica em torno de 35 sacas. O resultado é considerado positivo, pois a leguminosa ocupa área que estaria em pousio e, pelo esquema diferente de defensivos, quebra ciclos de invasoras e pragas e evita a disseminação de doenças por tratar-se de planta de família diferente. E se a área infestada fosse cultivada com arroz, teria baixa produtividade e alto custo ao produtor.

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