Banco da Nigéria avalia demanda nacional em 6,1 milhões de toneladas
Números, porém, não inspiram confiança de analisas internacionais.
O diretor interino de Comunicações Corporativas do Banco Central da Nigéria (BCN), Isaac Okoroafor, assegurou que o país africano deve chegar ao final deste ano safra com uma demanda total de 6,1 milhões de toneladas de arroz em casca. Segundo ele, um sistema de avalistas mútuos entre os produtores naquele país permitirá o avanço da produção local para 5 milhões de toneladas, com um avanço de 2,1 milhões de toneladas apenas no primeiro ano do sistema. O representante do BCN segue a linha de discurso do governo nigeriano que aposta numa autossuficiência na produção local até 2018, embora os analistas internacionais e mesmo muitos agentes de mercado do país discordem completamente da informação.
O dirigente financeiro destaca que a Nigéria pode realizar até três colheitas por ano, uma na estação úmida e duas na estação seca, o que poderá elevar a produção interna até patamares superiores à demanda interna, gerando excedentes para estoques e exportação. Segundo ele, os recursos viabilizados pelo banco estão garantindo o aporte de alta tecnologia e bons insumos, aos quais as lavouras estão dando respostas muito positivas até mesmo triplicando a produtividade.
"Nossos fazendeiros são ricos novamente. Todo fazendeiro que participa do programa é hoje um milionário, porque paramos de vender produtos estrangeiros via importação de arroz no ano passado, os nossos preços aumentaram e nossos agricultores passaram a ganhar dinheiro. É melhor produzirmos empregos aqui do que no exterior, de onde compramos arroz e outros produtos”, disse Okoroafor. Segundo ele, a reserva de divisas adotada pelo BCN valorizou o naira (moeda local) e permitiu o acesso a insumos vitais à produção agrícola. Agora, a estratégia do banco é financiar a instalação de fábricas de insumos e de processamento dos grãos.
Porém, lembrou que as divisas do país têm sido reduzidas por conta da crise econômica e a desvalorização do petróleo no mercado internacional. No momento, um dólar equivale a 525 nairas. “Com isso, tomamos a decisão estratégica de não esgotar nossas reservas cambiais importando produtos que podemos produzir em casa. É lógico e razoável”, afirmou Isaac Okoroafor, do Banco Central da Nigéria. São 41 produtos priorizados, entre eles grãos, ovos e palitos de dente. “Devemos produzir o que comemos e comer o que produzimos”, destacou. O BCN está financiando empreendimentos com taxas de 9% ao ano. Defendeu também o Registro Nacional de Garantias, que permite ao empreendedor dar o bem financiado como garantia do empréstimo.
Para os analistas internacionais, a Nigéria deve importar mais de 2,5 milhões de toneladas de arroz este ano. Sem contar o contrabando dos países vizinhos, com uma produção inferior a 4 milhões de toneladas. A Nigéria já foi o maior cliente do arroz brasileiro no início da década, mas adotou um sistema tarifário que retirou a competitividade do grão gaúcho e favoreceu o ingresso do produto da Ásia, em especial da Tailândia, Índia e Vietnã. Missões de representantes da orizicultura gaúcha foram realizadas para o país, mas a instabilidade política e econômica africana não permitiu que a Nigéria alterasse as tarifas de maneira que fosse viabilizada a retomada das exportações. E o governo nigeriano ainda solicitou apoio tecnológico para o desenvolvimento de sua lavoura em contrapartida, o que não foi levado avante porque não foram tomadas iniciativas para a retomada da comercialização.