Barragem do Capané (RS) preocupa arrozeiros

Barragem do Capané, que pertence ao Irga e fica em Cachoeira do Sul (RS) está com pouca água. Lavoura pode ser reduzida.

Faltando um mês e meio para o início do plantio do arroz, os produtores de Cachoeira do Sul (RS) que usam a Barragem do Capané (do Irga) para irrigar suas lavouras já estão preocupados com a falta de água. Ontem, os arrozeiros reuniram-se com o administrador da Capané, Manoel Motta dos Santos, para buscar uma solução para o problema. Nesta terça-feira, o nível da água da barragem era de 6,8 metros na régua de medição. No ano passado, neste mesmo dia, o nível era de 7,55 metros, subindo para 8,04 metros 10 dias depois.

Porém, foi um ano atípico, quando agosto registrou 110 milímetros de chuvas.

– Para operar sobrando água o nível deve estar entre 9 e 9,20 metros – observa Motta.

De acordo com o presidente da associação dos usuários da Capané, produtor Derli Mourales, uma das alternativas que será analisada pelo Irga para tentar solucionar o problema é a instalação de uma bomba de recalque no Arroio Capané. A intenção é reaproveitar a água que sai da lavoura e vai para o arroio, conduzindo-a de volta para os canais de irrigação que saem da barragem. Até o dia 15 de setembro, quando está prevista uma nova reunião, o Irga deverá apresentar o resultado de um estudo sobre a viabilidade da instalação da bomba no arroio. Em outras oportunidades, o equipamento já foi utilizado para ajudar na irrigação.

De acordo com o economista Romero de Almeida Oliveira, que também atua no gerenciamento da Capané, atualmente a barragem tem capacidade para irrigar apenas a metade da área irrigada na safra passada, ou seja, cerca de dois mil hectares.

– É provável que cada produtor terá de reduzir a área plantada. Hoje, garantimos água apenas para 50% da área plantada na última safra. Dependemos do clima. Se chover e o nível da barragem subir, poderemos irrigar uma área maior, mas se não chover podemos diminuir ainda mais – salienta.

Sobre a possibilidade dos usuários assumirem a administração da barragem, Mourales afirma que o assunto segue sendo discutido com o Irga, mas descarta a hipótese de que isso aconteça este ano.

ATENÇÃO

Um levantamento feito pela Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz) em 38 regiões gaúchas mostra que o Rio Grande do Sul acumula um déficit hídrico de 38,5%. Se tivessem de começar a semear o arroz esta semana, os arrozeiros só teriam água para plantar 637 mil hectares. Na safra passada foram cultivadas 1,036 milhão de hectares. O presidente da Federarroz, Valter Pötter, acredita que poderá haver uma redução de 10% a 15% na área plantada. A falta de água ainda é reflexo da seca do verão e do baixo índice pluviométrico de 2004.

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