Barragem vai garantir irrigação de lavouras em Cerro Branco (RS)
Um dos projetos mais ousados dos últimos anos no município de Cerro Branco, na depressão Central do Rio Grande do Sul, deverá ser concluído nos próximos meses. Um grupo de 90 produtores de arroz e 30 empresários e profissionais liberais criou a Associação Barragem Aldo Menezes e está construindo um reservatório para regular o volume de água do Arroio Branco e do Rio Botucaraí nos períodos de estiagem e garantir a irrigação das lavouras.
Um dos projetos mais ousados dos últimos anos no município de Cerro Branco, na depressão Central do Rio Grande do Sul, deverá ser concluído nos próximos meses. Um grupo de 90 produtores de arroz e 30 empresários e profissionais liberais criou agora em julho a Associação Barragem Aldo Menezes e, em parceria com a Prefeitura, está construindo um reservatório na localidade de Rodeio do Herval, nos altos da região serrana, na divisa com Paraíso do Sul.
A obra, a 15 quilômetros da cidade, servirá para regular o volume de água do Arroio Branco e do Rio Botucaraí nos períodos de estiagem e garantir a irrigação das lavouras.
O investimento até agora chega a R$ 165 mil. A Prefeitura gastou em torno de R$ 65 mil com combustível, trabalho com máquinas para fazer a taipa, instalação do registro e abertura de estradas. O reservatório terá capacidade para acumular 682.031 metros cúbicos de água, obtidos de vertentes existentes na área e das chuvas. A bacia de contribuição alcança 180 hectares.
A água descerá por gravidade até o Arroio Branco, que desemboca no Rio Botucaraí, principal ponto de captação para a irrigação das lavouras de arroz. A elaboração e execução do projeto contaram com o apoio da Emater, Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Fepam, Ibama, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Departamento de Recursos Hídricos.
A obra está com 70% dos serviços concluídos. Quatro famílias tiveram terras desapropriadas e houve a compra de 43,4 hectares. Apenas com as indenizações foram gastos R$ 123 mil. A taipa levantada com máquinas da Prefeitura com terra do próprio local está projetada para seis metros de altura, com 60 metros de largura e 60 metros de extensão. O coeficiente de segurança é 10 vezes maior que o necessário, garante o secretário da associação, Ivancur Seckler. O volume de terra usado para formar a taipa chega a 34.300 metros cúbicos.
O reservatório terá uma taipa com seis metros de altura e vai alagar 23 hectares. A área deverá se transformar em local para a exploração do turismo e para estudos científicos. Na semana passada, o prefeito Jorge Hoffmann assinou convênio com o Governo do Estado para o repasse de R$ 32 mil, garantidos por meio da consulta popular, para a execução do projeto ambiental. A Prefeitura participará com a contrapartida de mais R$ 7 mil.
PROJETO LEVOU 10 ANOS
A idéia de construir a barragem tem mais de 10 anos e o nome é em homenagem ao antigo proprietário das terras e um dos batalhadores pela execução da obra. Mas ele morreu antes de ver o sonho realizado. O secretário da associação, Ivancur Seckler, lembra que em 1994 houve o levantamento topográfico e o projeto foi encaminhado ao Governo do Estado com o objetivo de obter a liberação de recursos. Porém a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) não concedeu o licenciamento.
Alguns agricultores estavam próximos de desistir do plantio de arroz por causa das dificuldades de garantir boas colheitas. A idéia de construir a barragem voltou a ser discutida em 2000. O antigo projeto foi refeito com a atualização dos valores e com o levantamento da área dos produtores beneficiados. A autorização da Fepam veio em 2003, e o início da construção se deu em fevereiro deste ano.
Cada agricultor participou com R$ 200,00 por hectare. A contribuição é proporcional à área de terras beneficiada. Os empresários e profissionais liberais entraram com cotas de R$ 300,00. O técnico da Emater afirma que os comerciantes serão beneficiados com a segurança na colheita do arroz, que garantirá o giro de recursos.