Bolívia planeja importar arroz da Ásia e da América Central devido ao seu menor custo
(Por Marco Antonio Belmonte) No ano passado, a Bolívia importou 2.653 toneladas de arroz e até agora este ano 803 toneladas. Como o Governo do país aprovou tarifa zero para as compras internacionais, visando garantir o abastecimento, está prevista a importação do produto dos mercados da Ásia e da América Central, devido ao seu menor custo. Estão descartadas compras dos países do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
“Temos ofertas de arroz de outros mercados ultramarinos, da América Central e da Ásia, de onde podemos obter este produto a um preço muito mais barato”, disse na quinta-feira o vice-ministro do Comércio e Logística Interna, Grover Lacoa, segundo relata o site ABI. A autoridade informou que a importação de arroz do Mercosul está descartada, porque membros deste bloco econômico, como o Brasil e a Argentina, também enfrentaram problemas na produção na última safra por causa do clima e os preços na região estão muito altos, descolados das demais regiões.
“O Brasil teve uma perda significativa de arroz este ano devido às enchentes na maior região produtora daquele país, no Rio Grande do Sul; Isso elevou os preços bastante. Portanto, não é uma opção importar do Brasil”, afirmou. Lacoa enfatizou que a Bolívia e o resto dos países da região vivem atualmente uma das “secas mais intensas dos últimos 25 anos”, o que evidentemente influencia o nível de produção de alimentos, como o arroz.
Importações 2013-2024
Segundo dados oficiais processados pelo Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE), entre 2013-2023, o valor das importações de arroz totalizou 146 milhões de dólares, para a compra de aproximadamente 286 mil toneladas, registrando seu recorde histórico em 2014 com 43 milhões de dólares e 79.595 toneladas.
Até agosto de 2024, foram registradas mais de 803 toneladas de importações no valor de 1 milhão de dólares, sendo 53% menos em valor e 67% em volume, comparativamente ao mesmo período da última administração. Em 2022 foram importadas 8.250 toneladas, no valor de 4 milhões de dólares; no ano seguinte, 2.653 toneladas por 2 milhões de dólares e este ano 803 toneladas por 1 milhão de dólares. Exatos 71% das compras em 2023 vieram do mercado argentino, 28% do Brasil e 1% de outros sete países.
Tarifa zero
O Governo aprovou, na quarta-feira, um Decreto Supremo que adia para 0% a cobrança tarifária de importação de arroz e determinou o aumento do fundo rotativo para a segurança alimentar.
O anúncio foi feito pelo Ministro do Desenvolvimento Produtivo, Néstor Huanca, que informou que durante o ano de 2023 o país produziu 699.142 toneladas de arroz, enquanto o consumo interno exige 415.033 toneladas.
“Dada a seca que tem afetado a produção, os incêndios e vice-versa o contrabando, e para combater a especulação que alguns intermediários criaram, estamos a levar esta previsão para importar durante pelo menos três meses (dezembro, janeiro e fevereiro de 2025) cerca de 60 mil toneladas de arroz”, declarou Huanca.
A autoridade indicou que o preço no mercado deste grão de ouro (da mais alta qualidade) custava 262 bolivianos em La Paz em janeiro, mas em 8 de outubro aumentou para 466. Acrescentou que as lojas da Emapa vendem o “arroz k’aja ” ao preço de 50,50 a arroba (um quintal custa 220).
Segundo o Governo, um quintal de arroz aumentou para 400 bolivianos no país; em Desaguadero (fronteira com o Peru) esse mesmo volume custa o equivalente a 600 bolivianos e no Brasil vale cerca de 700 bolivianos.