Bons números de safra

Em termos de mercado, Santa Catarina não vive um momento tranquilo

 

A lavoura de arroz de Santa Catarina, segundo maior estado produtor de arroz do país, funciona quase que com precisão Suíça. Com os números finais quase idênticos, o Cepa/Epagri anunciou que a colheita catarinense alcançou 1.245.776 toneladas em 147.654 hectares nesta temporada, com média de 8.437 quilos por hectare, 15 a mais de que a mediana de 2020/21.

A economista Gláucia Padrão destacou que a área plantada apresentou um recuo de 0,42%, expressado nas microrregiões de Tubarão (-4%), Ituporanga (-0,58%) e Rio do Sul (-0,56%). A produção foi menor em 0,25%, com ênfase no sul catarinense. A produtividade média aumentou 0,18%.

Segundo a economista, o custo operacional subiu 20,6% de abril de 2021 (R$ 11.788,25 por hectare e R$ 70,17 por saca) até abril de 2022 (R$ 14.219,30/ha e R$ 84,64/sc). A receita bruta, na contramão disso, caiu 22,9%, de R$ 14.700,00/ha e R$ 87,50/sc para R$ 11.334,96 e R$ 67,47. Ela ressaltou que em 2021 a safra gerou uma margem bruta de R$ 3.547,97/ha e R$ 21,12 /sc, com lucro operacional de R$ 2.911,75 (R$ 17,33 por 50 quilos, em casca).

Para nivelar o custo de produção, o agricultor precisava, em abril de 2021, colher 134,72 sacas por hectare, que subiu até R$ 210,75 em abril de 2022, quando opera em margem negativa de R$ 2.884,34 /ha e R$ 17,17/sc. O lucro operacional de abril de 2021 a abril de 2022 baixou -199,6%. Então, o preço médio de nivelamento da saca de arroz subiu de R$ 70,1 em abril para R$ 79,74 em outubro e, em abril de 2022, para R$ 84,64. Nas arrozeiras, o produto foi remunerado entre R$ 65,00 e R$ 72,00 no primeiro semestre, valores que ainda o deixam no prejuízo.

EXPORTAÇÃO
“No primeiro semestre, mesmo com vantagens como auxílio-frete, secagem sem descontos e bônus nas cooperativa, o valor de venda ficou abaixo do necessário para rentabilizar o setor. De outro lado, a indústria não consegue avançar nos preços do beneficiado, porque o varejo não aceita”, explicou Vanir Zanatta, presidente da Cooperja. Em um esforço, quatro cooperativas e indústria conseguiram fechar a exportação de 20 mil toneladas de arroz em casca, quase no sacrifício, para enxugar o mercado interno e valorizar a matéria-prima. “Confiamos que vai melhorar”, encerrou Zanatta.

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