Brasil bate recorde de exportação de arroz

País comercializou no mercado internacional de janeiro a abril 74% a mais do que em todo o ano de 2004, que detinha a marca de recorde em exportações em 17 anos.

O Brasil, definitivamente, descobriu o caminho das exportações de arroz e está conseguindo bater recordes seguidos de vendas para o exterior. Entre janeiro e abril de 2005, o Brasil já comercializou 92,5 mil toneladas de arroz (base casca) para outros países, 74,4% a mais do que entre janeiro e dezembro de 2004. No ano passado, o Brasil exportou 53,6 mil toneladas base casca.

Quase a totalidade deste volume exportado em 2005 se refere ao arroz quebrado. Só em abril foram negociadas 26,5 mil (base casca). Em maio, apenas em um embarque para o Senegal, foram negociadas 17,5 mil toneladas de arroz quebrado beneficiado, o que representa mais de 25 mil toneladas de produto em base casca.

Estes dados ainda não foram computados oficialmente e há expectativa de que outras três mil toneladas tenham sido negociadas para outros destinos na América do Sul. Assim, extra-oficialmente o Brasil já teriam exportado mais de 120 mil toneladas de arroz.

Esta movimentação de cargas para o exterior justifica o aquecimento no mercado gaúcho de arroz quebrado, que mantém a cotação de R$ 24,00 na maior parte das praças. Os exportadores estão pagando 185 dólares por tonelada de quebrados posta em Rio Grande. A quirera, que entra na composição da carga, é cotada entre R$ 21,00 e R$ 21,50 em algumas regiões gaúchas.

O analista Aldo Lobo, da empresa SAFRAS & Mercado, considera importante que o Brasil tenha descoberto este nicho de mercado para escoar os excedentes. Mesmo que os contratos tenham sido fechados com o dólar em patamar mais alto do que o atual, Lobo acredita que serão mantidos os negócios, pois o arroz perdeu preço também em moeda nacional, o que compensa as operações.

– Esta situação ainda não está provocando impacto no comportamento do mercado, mas é um fator favorável. Quanto mais arroz sair do mercado brasileiro para terceiros países, neste momento, melhor – frisa Aldo Lobo.

O diretor de Mercados da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares, comemora estes números. Segundo ele, a cadeia produtiva do arroz descobriu uma forma inteligente e competitiva de reduzir os excedentes, com algum lucro, e sem nenhum tipo de incentivo oficial.

– Imagine se o Custo Brasil fosse reduzido para estas exportações? – questiona.

Tavares afirma que mantendo este ritmo, as exportações brasileiras poderão somar quase 300 mil toneladas de arroz, base casca, até março de 2006. Este volume é considerado fundamental para auxiliar a reduzir a pressão de altos estoques internos. A cadeia de arroz do Rio Grande do Sul está solicitando ao Governo Federal, além de ações de contenção das importações do Mercosul e terceiros países e de mecanismos de enxugamento do mercado, a redução de custos para a exportação de arroz.

– O ideal é que o governo brasileiro comprasse um milhão de toneladas e destinasse exclusivamente para exportação – afirma o presidente do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Pery Sperotto Coelho.

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