Brasil exporta mais em outubro. Mas, importa o dobro
Carga de arroz parboilizado para o Benin muda o cenário das vendas externas. Ainda assim a importação continua sendo recorde: 128 mil toneladas em outubro entraram no Brasil, principalmente do Mercosul.
As exportações brasileiras de arroz apresentaram significativo crescimento em outubro de 2007, diante de um ano de baixo desempenho das vendas externas, face à situação pouco atraente proporcionada pelo câmbio. Segundo dados divulgados na tarde desta segunda-feira pelo Irga, 54 mil toneladas, base-casca, foram embarcadas em Rio Grande (RS).
Segundo o consultor do Irga, Marco Aurélio Marques Tavares, as vendas externas são estimuladas pelo bom desempenho do mercado internacional, com demanda e preços firmes, apesar da moeda brasileira estar valorizada perante o dólar.
A venda de arroz parboilizado para o Benin fez toda a diferença nas vendas internacionais, pois o arroz beneficiado representou quase 68% das exportações brasileiras no mês. Tradicionalmente, o Brasil vende pouco produto beneficiado e seu mercado externo está mais concentrado nos derivados, ou quebrados, como canjicão e quirera para a África.
Ainda segundo dados do Irga, no período de janeiro a outubro, as exportações de arroz totalizam 232 mil toneladas, indicando que será atingida a meta de venda externa de 250 mil toneladas. O instituto gaúcho informa ainda que maior volume das exportações foi do Rio Grande do Sul que alcançou 214 mil toneladas, com 92% do total exportado.
Todo o esforço de exportação brasileiro, no entanto, vem sendo neutralizado pelo excesso de importação de arroz do Mercosul, que deverá totalizar no ano/safra 1,2 milhão de toneladas, segundo a Conab. Só em outubro, foram 128 mil toneladas que entraram no Brasil, mais do que o dobro das exportações nacionais.
Ainda assim, o Rio Grande do Sul busca nas exportações alternativas para viabilizar o aumento da demanda através da prospecção de novos mercados para o cereal. Os quebrados brasileiros (leia-se gaúchos) são considerados de alta qualidade pelos consumidores africanos. Diante desta realidade, naturalmente países como Senegal e Gâmbia, são os grandes importadores do produto nacional. Benin, Nigéria e Suíça (sede de trade) também surgem como importadores, principalmente para repassar a outros mercados na África ou, no caso da Suíça, até mesmo no Oriente Médio.