Brasil importa arroz em plena colheita no Rio Grande do Sul
Na semana em que o Rio Grande do Sul chega à metade de sua colheita, segue a entrada de arroz barato do Mercosul.
Com cerca de metade da safra colhida e pouco comercializada, os arrozeiros começam a se preocupar com o produto do Mercosul. O grão tem entrado a preços similares ao do arroz nacional. Para dar um ultimato ao governo, nesta quarta-feira 6 o setor produtivo estará no Palácio do Planalto discutindo a imposição de salvaguardas contra a importação de arroz do Mercosul. O pedido foi encaminhado em janeiro à Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Tradicionalmente, as análises da Secex – que correm em sigilo – podem demorar até seis meses e, em caso de dano, a medida é encaminhada à Câmara de Comércio Exterior (Camex). Até o momento, não há nenhuma decisão e o assunto não consta da pauta da reunião da Câmara, que ocorre dia 27.
Os arrozeiros solicitam uma sobretaxa de 50,13% para o produto da Argentina e do Uruguai. Na safra passada, do total importado pelo Brasil, 85% (927 mil toneladas) vieram dos países do Mercosul.
Para a safra atual, o governo acredita que devem ser adquiridas 700 mil toneladas, mas ainda não existem estimativas de quanto já entrou. Assim como em 2004, o Brasil será auto-suficiente na produção de arroz, com 12,8 milhões de toneladas. Teoricamente, segundo os produtores, não haveria necessidade de importação.
O clima tem prejudicado a colheita e, com isso, a comercialização. A seca fez com que parte da safra gaúcha fosse cultivada mais tarde. Por isso, apenas metade foi colhida, quando no ano passado o volume era de 65%.
Em Mato Grosso, o índice é de 65% ante aos 90% em 2004. Naquele estado, o que tem prejudicado é o excesso de chuvas. Segundo a Associação dos Produtores de Arroz (APA), cerca de um quarto da safra foi comercializada, mas a preços abaixo do mercado. Estima-se um valor de R$ 21 a saca para um gasto de R$ 29.
No Rio Grande do Sul, o valor está em R$ 24 para custo igual ao mato-grossense. Enquanto isso, o arroz do Mercosul entra no estado a R$ 23. Os dois estados respondem por 60% da produção nacional do grão.
COMERCIALIZAÇÃO
Além das salvaguardas, os arrozeiros pedem medidas de apoio à comercialização. “Se não forem tomadas medidas, nós vamos que-brar”, diz Valter Pöetter, presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).
Segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ivan Wedekin, assim que houver recurso, serão lançadas opções privadas. Os gaúchos pedem 1 milhão de toneladas para essa modalidade. Os mato-grossenses solicitam também a prorrogação do custeio e a liberação de crédito para a comercialização. Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) propõem ainda opções públicas para 500 mil toneladas de arroz.