Brasil pede salvaguardas para trigo, arroz e vinho
Segundo fontes do Ministério da Agricultura, está sendo analisada, no momento, a possibilidade de se impor cotas às importações de trigo, arroz e vinhos do país vizinho.
Os produtores gaúchos se anteciparam aos argentinos e já estão pedindo salvaguardas ao governo brasileiro com base no acordo firmado na semana passada, entre Brasil e Argentina, que criou o Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC). Segundo fontes do Ministério da Agricultura, está sendo analisada, no momento, a possibilidade de se impor cotas às importações de trigo, arroz e vinhos do país vizinho. Reivindicado com insistência pelas autoridades argentinas, o MAC permite a proteção temporária dos empresários locais contra o ingresso dos importados.
Os pedidos dos brasileiros não deverão se resumir a esses três produtos. Segundo o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto, o setor já vinha solicitando ao governo, antes do acordo entre os dois países, proteção também para cebola e derivados de leite.
Chegamos a protocolar os pedidos no final do ano passado e conversamos sobre o assunto com o presidente Lula duas vezes. A diferença era que as salvaguardas que pedíamos eram para todo o Mercosul. Se o MAC for estendido para os demais países do bloco, não hesitaremos em pedir proteção contra o arroz uruguaio também antecipou Sperotto.
As salvaguardas específicas para a Argentina já ajudam bastante e, no momento oportuno, estenderemos o pedido envolvendo o Uruguai confirmou Francisco Lineu Schardong, da Câmara Setorial do Arroz.
A maioria das exportações brasileiras para a Argentina é de produtos industrializados, enquanto, no caso do Brasil, a maior parte das importações da Argentina é de produtos agrícolas. Na lista de prováveis itens alvos de salvaguardas a serem solicitadas por empresários daquele país, destacam-se automóveis, frangos, carne suína, eletrodomésticos e calçados.
Pelo acordo firmado na semana passada que provocou protestos do setor industrial brasileiro, mas agradou aos produtores agrícolas, principalmente os do Sul do país toda vez que houver um surto de importação, as compras do produto serão limitadas. Mas isso só ocorrerá depois de uma negociação envolvendo os governos e os empresários dos dois lados.
O coordenador Político do Mercosul, o argentino Carlos Álvarez, veio ontem ao Brasil cobrar do presidente Lula e de representantes do Congresso a aprovação do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul, regulamentado no fim do ano passado com um orçamento de US$ 100 milhões.
O fundo seria usado para corrigir as assimetrias econômico-comerciais entre os sócios a partir deste ano. Os parlamentos de Uruguai e Paraguai já aprovaram. Com a liberação dos recursos do fundo, espera-se a redução do grau de descontentamento de uruguaios e paraguaios frente ao acordo de salvaguardas firmado na semana passada por brasileiros e argentinos.