Brasil tenta prorrogar e ampliar cota de exportação de arroz com destino ao México
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) Na semana em que o navio Ocean Love, negociado pela TRC/Rice Brazil, partiu com 32 mil toneladas de arroz em casca para o México, há intensa movimentação da política externa, autoridades setoriais e empresas interessadas em que os mexicanos prorroguem até, pelo menos, 28 de fevereiro a isenção das taxas que concedeu ao grão brasileiro para o ano civil de 2021. A demanda já foi apresentada à representação do governo mexicano no Brasil e também diretamente ao Ministério da Agricultura do país norte-americano. A intenção é de que os mexicanos prorroguem a isenção de taxas até o dia 28 de fevereiro – final do ano agrícola – e, com isso, os gaúchos possam embarcar mais 43 mil toneladas de arroz em casca até lá.
As taxas não são o maior complicador, mas sim as restrições sanitárias que o México impõe. O país hispânico exige fumigação com produto que é proibido para expurgo em carga de grãos em porão de navios no Brasil, e ao mesmo tempo, não aprova o produto utilizado nos portos brasileiros. A medida, porém, só existe quando México não precisa de arroz ou os brasileiros precisam disputar aquele mercado. Quando há demanda, o governo do país da América do Norte derruba a exigência. Em 2020 os mexicanos autorizaram a compra de 75 mil toneladas de arroz – base casca – no Brasil isenta de taxas e sob condições especiais. Como o Brasil só exportou 32 mil toneladas e não há tempo hábil para novo embarque até 31 de dezembro, prazo final estabelecido, sobraram 43 mil toneladas.
O problema é que só no final de novembro o arroz gaúcho tornou-se competitivo e ficou claro que a safra norte-americana pode ter uma retração de até 20% em grãos de bom rendimento industrial (e estamos falando de 55% acima de inteiros). Ao mesmo tempo, as autoridades brasileiras estão tentando convencer os mexicanos a renovarem a isenção para 2022 com volume de 300 mil toneladas. “Atiramos em 300 mil pra ver se conseguimos 150 a 200 mil toneladas, pois por causa da qualidade inferior do produto colhido nesta safra nos EUA, fatalmente o México terá que vir comprar no Mercosul”, explicou um dirigente setorial.
No México, há consenso de que os Estados Unidos, que exportam até 800 mil toneladas por ano para aquele mercado, terão dificuldades de manter o ritmo de abastecimento e será preciso buscar grão de qualidade superior no Mercosul. Neste ambiente, a disputa do grão brasileiro é com o Paraguai e o Uruguai. O diretor da Expoente Corretora, Guilherme Gadret, considera que abrir e manter o mercado mexicano é estratégico para o Brasil, não apenas para assegurar presença no mercado internacional, mas também para o equilíbrio das cotações domésticas.