Brasil transfere 150 mil toneladas para o Mercosul exportar

Um volume de 150 mil toneladas de arroz em casca poderá ser exportado pela Argentina e Uruguai para terceiros países com a transferência de pedidos excedentes feitos ao Rio Grande do Sul.

Começa hoje, quarta-feira, e vai até a próxima sexta-feira a reunião do Comitê Agropecuário do Mercosul (Farm) em Buenos Aires, onde os arrozeiros gaúchos vão anunciar que não querem a entrada de arroz argentino e uruguaio no país no ano de 2005. O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto, representará o setor.

Sperotto vai oferecer para os países do Mercosul 150 mil toneladas em pedidos para exportação de arroz em casca para terceiros países que o Rio Grande do Sul tem em carteira, mas não terá condições de atender de imediato. O volume ofertado pode chegar a até 175 mil toneladas, se o Rio Grande do Sul concluir que não poderá exportar uma segunda carga de 25 mil toneladas. A primeira já está negociada e deve seguir rumo ao continente africano.

A missão de Sperotto é árdua. Ele avisará que não será mais tolerado o ingresso de arroz argentino, que vem sendo comercializado na fronteira com Uruguaiana na faixa de 295 dólares a tonelada do produto beneficiado. Dirá também que é posição dos arrozeiros gaúchos de que o Uruguai terá que observar cotas a partir de agora chegando a 2005 sem internalizar arroz para o Brasil.

A posição do setor arrozeiro gaúcho, no entanto, pode ganhar o caminho do diálogo, principalmente com o Uruguai, que exporta para o Brasil o dobro do que a Argentina e têm comparecido a todos os encontros marcados pelos brasileiros, o que não é o caso dos argentinos.

O governador gaúcho, Germano Rigotto, disse segunda-feira que é defensor do diálogo e espera que o setor consiga resolver este impasse com negociações diretas entre os setores. Ele irá pessoalmente à Exposição de Palermo, na Argentina, para estabelecer o diálogo com autoridades daquele país em busca de soluções para o impasse. Muitas indústrias gaúchas estão sendo prejudicadas com as barreiras castelhanas a produtos nacionais.

Os arrozeiros, bem como as cadeias produtivas da cebola, vinho, trigo e leite, decidiram radicalizar a posição numa reunião da Farsul na última segunda-feira. O argumento para que sejam revistas as políticas de internação de produtos agropecuários do Mercosul está na chamada “guerra das geladeiras”, na qual a Argentina estabeleceu uma série de cotas para produtos manufaturados brasileiros e criou barreiras tarifárias para outros. Os produtores gaúchos exigem do Governo brasileiro a mesma proteção que os argentinos oferecem às suas indústrias.

Os arrozeiros gaúchos querem restringir o ingresso de arroz do Mercosul porque o Brasil, com o produto que já entrou do Mercosul e a sua boa colheita, é auto-suficiente. Além disso, é prevista nova boa colheita para o próximo ano, que começará com um estoque de passagem superior a 1,1 milhão de toneladas, considerando o ingresso de 800 mil toneladas de arroz do Mercosul.

Todavia, o Uruguai tem trabalhado com indicativos de que há 1,4 milhão de toneladas de arroz em estoque no Mercosul para ser internalizado no Brasil. Estima-se que cerca de 270 mil toneladas tenham entrado no Brasil no ano comercial 2004/2005 (de março a junho).

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