Brasil turbina o Mercosul

Brasil e Paraguai vão colher mais, mas a Argentina e
o Uruguai reduziram
as áreas e a produção
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Os três parceiros do Brasil no Mercado Comum do Sul (Mercosul), Argentina, Paraguai e Uruguai, vivem momentos distintos na produção e comercialização de arroz neste início da colheita da safra 2012/13. Enquanto a expectativa oficial é de que o Brasil amplie em 3,7% a produção e o Paraguai amplie em 10%, Argentina e Uruguai devem apresentar retração produtiva, por conta da redução de área. No conjunto dos quatro países, que tem o Brasil como principal mercado, a expectativa é de leve aumento do volume colhido. Ainda assim, com a redução dos estoques de passagem do Brasil, da Argentina e do Uruguai, a expectativa é de que, mesmo aumentando para um milhão de toneladas as remessas dos três vizinhos ao mercado brasileiro, a oferta se mantenha adequada à demanda, sem sobressaltos nos preços.

Segundo o analista da Consultoria Safras & Mercado Eduardo Aquiles Souza, a previsão de pequeno aumento (entre 50 e 100 mil toneladas) nas importações brasileiras não será suficiente para evitar que a trajetória de preços no mercado interno se mantenha muito similar a 2012, quando em seu pico de alta beirou os R$ 40,00 de média por saca de 50 quilos. “A exceção é o período de colheita, pois há uma natural pressão de oferta”, reconhece.

Alerta, porém, que as importações de fora do Mercosul, como em períodos de intensificação de entressafra e preços elevados, poderão conter a valorização. Uma carga de arroz vietnamita chegou a desembarcar no Brasil. Também deve-se considerar que mediante os preços altos no mercado interno e visando coibir seu impacto sobre a inflação, o governo federal pode retomar os leilões de estoques públicos, ofertando o grão abaixo dos preços do comércio doméstico. “Não podemos esquecer que o arroz é a base da alimentação do país e o governo atuará para conter um aumento ao consumidor”, alerta.

ARGENTINA
A Argentina reduziu a área cultivada em 2,8%, de 237,1 mil hectares para 230,5 mil hectares. A expectativa é de uma produção em torno de 1,5 milhão de toneladas de arroz em casca. Atualmente esse país é o maior exportador de arroz para o mercado brasileiro, ocupando uma fatia deixada pelo Uruguai, que com o aumento dos custos de produção e as lições aprendidas de que se jogar excesso de produto no Brasil isso reduzirá os preços em todo o bloco econômico, passou a direcionar mais de 75% de sua produção para o Oriente Médio, América Latina, África, União Europeia e o Caribe. O custo de produção e principalmente o clima são responsáveis pela retração argentina.

PARAGUAI
O Paraguai expandiu em 10% a sua área cultivada, devendo alcançar 100 mil hectares na atual temporada, o que faz prever uma colheita superior a 500 mil toneladas. Nos últimos anos, sua presença no mercado brasileiro tem crescido. Mais de 50% desta produção tem por objetivo o mercado brasileiro, via Foz do Iguaçu. Indústrias do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Minas Gerais recebem matéria-prima paraguaia. Redes de varejo também estão adquirindo arroz beneficiado e ensacado com suas marcas. Às vésperas da colheita, o maior problema enfrentado no Paraguai é o aumento do custo de produção e o alastramento da brusone, doença fúngica danosa ao arroz.

URUGUAI
O Uruguai passa por uma situação de aumento dos custos de produção, endividamento de produtores e sustação de contratos com os inadimplentes pelos moinhos, uma vez que o financiamento das lavouras é feito pelas indústrias. Isso está gerando um cenário de perda da competitividade do país. No Uruguai foram cultivados 171 mil hectares, ou 10 mil a menos do que os 181 mil hectares da temporada passada. A queda é de 5,5%. A expectativa, em função dos altos custos de produção (em torno de 2.070 dólares por hectare, para uma produção de 7.850 quilos/hectare), era retração de 40 mil hectares, ou 22%.

Em termos de comercialização, em 2012/13 (até janeiro de 2013) o Uruguai concentrou 86,2% de suas exportações para seis destinos: 23,6% para o Brasil, 24,6% para o Peru e a Venezuela, 20,3% para o Iraque, 7,7% para a União Europeia, 6,9% para a África e 3,7% foram dirigidos ao México. Outros 13,8% foram pulverizados em dezenas de países.

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