Brusone pode reduzir até 60% produção de arroz em Vales de Portugal

Orizicultores alertam para fungo que está destruindo a cultura de arroz do Mondego.

A cultura de arroz do vale do Mondego, mais concretamente na zona dos rios Pranto e Arunca, está sendo afetada por um fungo e há já perdas de 30 a 60 por cento nas colheitas, alertaram os orizicultores. Isménio Oliveira, coordenador da Associação dos Orizicultores Portugueses (APOR), disse hoje à agência Lusa que os prejuízos nos cerca de 4.000 hectares daquela zona "são muito elevados", existindo muitas lavouras "que não conseguem pagar a colheita".

A APOR exige que o Ministério da Agricultura, numa primeira fase, "faça um levantamento dos prejuízos efetivos" que afetam os produtores do vale do Mondego – existindo igualmente situação no vale do Vouga, frisa Isménio Oliveira – e que, depois, possa decidir "medidas compensatórias" que reponham os prejuízos.

A doença que afeta o arroz, conhecida pelo termo francês "piriculariose" ou o italiano "brusone", é um fungo cuja maior ou menor prevalência nas culturas "está relacionada com o clima", disse, por seu turno, Ferreira de Lima, presidente da associação de beneficiários da obra hidroagrícola do Mondego.

"Em anos como este, é complicado. Recentemente choveu 15 dias seguidos e no pico do verão também choveu em agosto e quando há grande humidade os fungos aparecem", explicou.

Adiantou que no vale do Mondego, "habitualmente, não se fazem tratamentos" antifúngicos: "É uma realidade a que não estamos muito habituados", sustentou.

O também produtor de arroz indicou, a esse propósito, que a aplicação de fungicidas no terreno tem um custo que ronda os cerca de 120 euros por hectare "e o rendimento da colheita não chega para tudo", enfatizou.

No entanto, segundo Isménio Oliveira, a aplicação prévia de fungicidas não está dando resultados, já que "houve quem o fizesse e o problema aconteceu da mesma forma. Além de ser cara e muitas vezes incomportável", sublinhou.

A APOR reúne-se nesta quinta-feira, em Coimbra, com responsáveis da Direção Regional de Agricultura e Pescas, esperando a definição de medidas para combater o problema.

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