Câmara setorial avalia mercado e safra

Mecanismos de comercialização, normas de qualidade do arroz e tributação também entraram na pauta da reunião da 19ª Abertura da Colheita.

A Câmara Setorial Nacional do Arroz esteve reunida na manhã desta sexta-feira na 19ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, na Estação Experimental do Irga, em Cachoeirinha (RS), onde debateu os números de safra, as tendências do mercado, mecanismos de comercialização, tributação, normas de qualidade e consumo. A primeira parte do encontro, que lotou o Auditório B, com produtores, agentes de mercado e lideranças e demais integrantes da cadeia produtiva, debateu exclusivamente os números da safra e estoques.

O setor produtivo solicitou ajustes no quadro de oferta e demanda da Conab, considerando que a produção será menor, em razão de perdas provocadas pelo clima.

Também argumentou que as exportações serão maiores que as 400 mil toneladas divulgadas pela companhia, considerando que apenas uma trade anunciou nesta quinta-feira que exportará 250 mil toneladas de arroz em 2009 e o mercado internacional acima dos patamares histórico, que a importação será menor do que o previsto – também em razão do mercado internacional – e que o consumo interno é maior que os 12,8 milhões de toneladas consideradas pelo órgão do governo federal, de acordo com dados anteriormente divulgados pela própria Conab.

– O cenário que estamos percebendo não está retratado no quadro da Conab, que nos parece tímido com relação às exportações e o consumo e exagerado em relação às importações e a dimensão da colheita – frisou Renato Rocha, presidente da Federarroz.

O gerente de Alimentos Básicos da Conab, Paulo Morceli, destacou que o resultado do Levantamento de Safra está baseado em informações técnicas, e que apresenta dados estatísticos que podem ser alterados de acordo com o andamento da safra, o cenário do comércio internacional e sofre influência, inclusive, do cenário referente a produtos sucedâneos ao arroz, como o trigo, que está com preços baixos no momento.

– Uma margem de erro de 5%, para mais ou para menos, é normal – afirmou.

Para Rocha, o importante é que no próximo levantamento, as estatísticas dos demais segmentos da cadeia produtiva, também sejam levadas em conta pela Conab.

De uma maneira geral, é consenso do setor que os preços do arroz devem se manter menos aquecidos no primeiro quadrimestre de 2009, mas com recuperação gradual até fevereiro de 2010, pico da entressafra, em razão dos baixos estoques, de uma tendência de boas exportações e importações de baixos volumes do Mercosul.

– A tendência é de um ano muito parecido com 2008 ou até um pouco melhor, dependendo de algumas variáveis – disse o vice-presidente de Mercados da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares.

Representantes dos produtores e indústrias de Santa Catarina, Tocantins, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e da Bahia, enfatizaram que do mercado gaúcho dependem os preços nacionais do arroz.

– Concentrando 62% da produção, o Rio Grande do Sul tem um grande peso na formação do preço do arroz em todo o País – afirmou Jorge Tadeu Meirelles, do Sindarroz-MG.

RECURSOS

O diretor de de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário do MAPA, José Maria dos Anjos, confirmou a existência de recursos para financiar a comercialização da safra. Segundo ele, além do EGF, com R$ 500 milhões disponíveis no Banco do Brasil com taxas de 6,75%, o governo poderá liberar os leilões de contratos de opção para até 1,3 milhões de toneladas de arroz (1,1 milhão para o Rio Grande do Sul e 200 mil/t para Santa Catarina).

Este mecanismo, segundo ele, já poderia ter sido anunciado na 19ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, mas o setor rejeitou. O presidente da Federarroz, Renato Rocha, com apoio de outras lideranças produtoras, explicou que os recursos seriam muito bem-vindos se o referencial fosse o preço de paridade de importação, por exemplo, na casa dos R$ 30,00.

– Se for para balizar os preços para cima, nos próximos meses, seria ótimo, mas partindo do preço mínimo de R$ 25,80, este mecanismo balizaria o preço em patamares menores do que o mercado opera agora – avisou.

Segundo José Maria dos Anjos, o mecanismo partiria do preço mínimo acrescentando R$ 51 centavos por mês, referentes ao carregamento, armazenamento, entre outros fatores.

QUALIDADE

Durante a reunião, o assessor do Irga e Técnico da Câmara Setorial, Gilberto Amato, apresentou as Instruções Normativas nº 6 do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Arroz do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Além disso, foi destacado a Portaria 206 que trata do Padrão de qualidade e identidade do cereal. Segundo Amato, o Irga coletou 180 amostras de arroz, nas safras 2006/07 e 2007/08, das seis regiões arrozeiras para análise. O Regulamento Técnico entra em vigor a partir de junho de 2009.

DOCUMENTO

Ao final do encontro da Câmara Setorial, o presidente da Federarroz, Renato Rocha, entregou em mãos do representante do MAPA, José Maria dos Anjos, um documento com as sugestões do setor produtivo para o Plano Agrícola e Pecuário 2009/10. Entre as demandas está a implementação de novos mecanismos de comercialização como o EGF com opção de venda (COV) e o sistema de Preço Meta. Também foi solicitada a revisão da legislação dos fertilizantes e suas concentrações, pois em 2008 uma ação do MAPA, confirmou denúncia da Federarroz de que havia insumos adulterados no mercado.

– Queremos maior rigor nesta área – afirma Rocha.

CONSUMO – O chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Arroz e Feijão (Goiás), Flávio Breseghello, fez a apresentação do novo material da campanha de incentivo ao consumo, uma revista em quadrinhos com personagens infanto-juvenis de Monteiro Lobato, do Sítio do Pica-pau Amarelo, que a empresa lança em parceria com a Editora Globo, apoiada pelo MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, e pelas Câmaras Setoriais das Cadeias Produtivas do Arroz e do Feijão. A revista “Arroz e Feijão, o par perfeito” traz estórias com os personagens se deliciando com os saudáveis pratos da cozinheira Tia Nastácia, e também esclarecem a importância e vantagens nutricionais do arroz e do feijão.

– É uma ação de grande impacto para esta geração que só consome fast-foods – disse

O presidente da Federarroz, Renato Rocha, sugeriu às entidades da Câmara Setorial do Arroz a entrega de uma placa em homenagem à iniciativa da pesquisadora Beatriz Silveira Pinheiro, ex-chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão e incansável lutadora pelo consumo deste “par perfeito” da mesa brasileira.

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