Campanha pretende aumentar consumo de arroz em 500 mil toneladas

Selo de qualidade e campanha de marketing para mostrar a importância do arroz para os brasileiros e buscar o aumento do consumo per capita.

Com a veiculação de anúncios em revistas nacionais e TVs locais, o Governo do Estado lançou hoje (5), em solenidade na Sala Alberto Pasqualini, no Palácio Piratini, a primeira etapa da Campanha de Incentivo ao Consumo de Arroz. Juntamente com a campanha, foram lançados dois selos para atestar a qualidade do arroz produzido no Rio Grande do Sul.

A promoção do Governo do Estado em parceria com o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) pretende aumentar, nos próximos 12 meses, em um quilo o consumo per capita/ano do cereal. Atualmente, a média gaúcha é de 17 quilos per capita/ano e a nacional é de 35 quilos per capita/ano. Este aumento resultaria no consumo de mais 500 mil toneladas do produto.

Durante a cerimônia, o governador Germano Rigotto destacou que além da estagnação no consumo, o produtor de arroz enfrenta outros problemas, como o preço irrisório pago pelo produto em 2005 e a concorrência do cereal vindo de países como Argentina e Uruguai.

– Essa campanha pretende aumentar o consumo de arroz não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o país, mostrando os valores nutricionais e as vantagens alimentares do arroz. E, além da campanha institucional, haverá um conjunto de outras ações que possibilitarão o aumento do consumo – afirmou Rigotto, que cobrou da indústria orizícola a participação na campanha, como havia sido acertado inicialmente.

MERCADO

O secretário da Agricultura e Abastecimento, Odacir Klein, lembrou que o trabalho do Irga em seus 65 anos de atuação resultou em qualidade e produtividade para o arroz gaúcho.

– Temos qualidade, produtividade e, sem diminuição de área de plantio, cada vez mais arroz. Mas, ao mesmo tempo, há uma diminuição de consumo. Então, essa campanha direcionada ao aumento do consumo é uma tentativa de equilibrar o mercado – declarou Klein.

O presidente do Irga, Pery Speroto Coelho lembrou que uma campanha de divulgação dos benefícios do cereal está nos planos do instituto há bastante tempo:

– Fazem 30 anos que se pretende promover uma campanha para levar ao conhecimento da sociedade as propriedades que o arroz possui. O cereal é rico em nutrientes e não tem colesterol. A campanha também pretende desmistificar conceitos como o de que arroz engorda, por exemplo.

ANÚNCIOS

As quatro peças gráficas ressaltam o arroz como o acompanhamento perfeito para carnes bovina, suína, de frango e de peixe com o slogan todo prato só fica completo com arroz, o mesmo usado no anúncio para TV. Dois selos foram criados para a campanha: em um a inscrição é Arroz RS, e no outro, Arroz tem que ser gaúcho. Os dois trazem a frase qualidade reconhecida no mundo inteiro. O Governo do Estado irá investir na campanha R$ 2 milhões, que foram aprovados na Assembléia Legislativa como suplementação ao Orçamento.

Participaram da cerimônia o secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Luis Roberto Ponte, os coordenadores de Comunicação Social, Celito de Grandi, e de Publicidade, Alexandre Pradier, do Governo do Estado, o diretor de Desenvolvimento e Agronegócios do Banrisul, Nelson Marchezan Júnior, o deputado federal Érico Ribeiro, o superintendente regional do Banco do Brasil, Valmir Rossi, a vice-presidente da Farsul, Zênia Silveira, o presidente da Federarroz, Valter Poter, o presidente da Fearroz, André Barreto, entre outros representantes de entidades do setor, produtores rurais e autoridades.

PESQUISAS

Com a colaboração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), nutricionistas do Irga pesquisaram uma variedade de produtos em que é possível usar o arroz como ingrediente. Massas, por exemplo, podem ser obtidas de farinha de arroz. O cereal serve de base também a pães e até a salsichas, com a vantagem de não conter colesterol nem glúten – uma proteína intolerável ao organismo de 300 mil brasileiros, portadores da chamada doença celíaca. As parcerias com universidades estão se estendendo a trabalhos com a UFRGS e a Universidade de Rio Grande.

PREJUÍZOS

O Rio Grande do Sul é responsável por 50% do plantio de arroz no Brasil. Mais de 200 mil pessoas são empregadas no Estado pelo setor, que mantém 282 indústrias de beneficiamento e gera em torno de R$ 220 milhões em impostos. No entanto, os orizicultores sofrem prejuízos em conseqüência de uma crise que tem origem não só na queda de consumo do cereal pelos brasileiros, mas também na disparidade entre os gastos com a produção e o preço de comercialização. Os agricultores gaúchos despendem cerca de R$ 30 por saca de 50 quilos colhida e comercializam a produção a aproximadamente R$ 20 a saca. O problema é agravado ainda pela concorrência de grãos de outros países do Mercosul, que entram em quantidade descontrolada pelas fronteiras gaúchas. Somente nesta safra, ingressaram 125 mil toneladas de arroz de países membros do bloco.

Em defesa dos orizicultores, Germano Rigotto já esteve várias vezes em Brasília, neste ano, e reiterou as reivindicações do setor em ocasiões em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva veio ao Rio Grande do Sul. No final de junho, Rigotto também participou da marcha dos agropecuaristas, em Brasília. O governador defende a necessidade do estabelecimento de cotas para importação de arroz e de compensação aos produtores pelas perdas com a competição externa.

TARIFA COMUM

No início de agosto, Rigotto encontrou-se, em Montevidéu, com o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, que o recebeu como presidente interino do Mercosul. O governador gaúcho levou a reivindicação de aumento da tarifa externa comum (TEC) incidente sobre o arroz de 12% para 35%, para barrar a entrada de grãos de países que não fazem parte do bloco. Rigotto argumentou que a elevação da TEC não constava anteriormente das discussões de governos e entidades do Mercosul, mas agora é assunto obrigatório. Vázquez comprometeu-se a apresentar a proposta aos presidentes dos demais países.

MERCADO CHINÊS

Fora do território nacional, o arroz gaúcho poderá encontrar na China um mercado promissor. A possibilidade de negociação foi levantada durante a última Expointer, com a visita de uma delegação da província de Shaanxi, liderada pelo governador Cheng Deming, que veio ao Rio Grande do Sul para firmar acordos de cooperação bilateral com o Governo do Estado. A China tem aproximadamente 1,3 milhão de pessoas em ascensão social, o que justifica o consumo crescente de arroz.

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