Cascudo e pulgão no primeiro time
Aumentou a incidência de pragas no arroz.
A safra 2005/2006 apresentou um dado muito preocupante com relação às pragas. Aumentou bastante a incidência de dois insetos considerados secundários, que não costumavam incomodar tanto os orizicultores do Rio Grande do Sul. As pragas Euetheola humilis e Rhopalosiphum rufiabdominale, conhecidas no meio como cascudodo- arroz e pulgão-da-raiz, respectivamente, causaram danos em muitas lavouras, provocando a queda na produtividade e trazendo preocupação aos agricultores.
Segundo o entomologista Jaime Vargas de Oliveira, do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), há mais de 20 anos não ocorria infestação tão grande do cascudo-do-arroz, que costuma ser um problema na sua fase larval, mas desta vez também atacou as lavouras quando adulto. Isso, segundo ele, foi motivado pelas baixas precipitações, que fizeram secar a vegetação dos campos, obrigando o coleóptero a migrar atrás de alimento – em muitas noites, atraídos pelas luzes, também apareceram aos montes em várias cidades gaúchas.
Já o pulgão-da-raiz, que ocorre normalmente na região da fronteiraoeste, foi detectado em lavouras da depressão central, litoral norte e campanha, provocando perdas. “Muitas vezes, o orizicultor, por desconhecer a ocorrência do inseto, atribui os sintomas a herbicidas, e esses pequenos animais continuam causando danos”, revela o pesquisador. Ele cita como fatores de sua propagação o desequilíbrio biológico (pela eliminação dos inimigos naturais), a semeadura contínua da área (possibilitando aumento da densidade populacional) e condições climáticas favoráveis, como período de estiagem.
MANEJO
• Eliminação de daninhas: as plantas hospedeiras junto aos canais de irrigação, nos drenos, nas ruas e na lavoura devem ser destruídas para evitar que os insetos se abriguem no período da hibernação, quando as condições climáticas são desfavoráveis.
• Rotação de culturas: algumas situações têm contribuído para o aumento da população, como a rotação com uma planta suscetível ou a semeadura da mesma espécie por vários anos.
• Aração do solo: torna o ambiente desfavorável ao inseto, diminuindo sua população por ficarem expostos ao ataque de predadores, principalmente no período de hibernação, devido ao frio.
• Queima de restos culturais: elimina as pragas, porém causa condições adversas ao ambiente pela redução dos inimigos naturais. Logo ocorre um desequilíbrio, favorecendo o aumento da população do inseto.
• Adubação: forma plantas mais rigorosas e fortes, sistema radicular mais denso, portanto capazes de suportar melhor o ataque dos insetos.
• Manejo de água: a irrigação é um método eficiente no controle do cascudo-do-arroz e do pulgão-daraiz – a entrada de água mais cedo na lavoura reduz as populações desses insetos.
• Altura das taipas: com a construção de taipas mais baixas, a água vai cobrir as mesmas, auxiliando no controle. n Controle químico: não existem produtos registrados para o controle desses insetos. Em relação ao pulgão-da-raiz, no entanto, sementes
SINTOMAS
• A infestação do cascudo-preto – chamado na fase larval de coró ou bicho-bolo – é em focos, atacando algumas partes da lavoura, que se destacam por apresentarem uma coloração amarelada. Os danos são causados tanto pelas larvas como pelos adultos. As primeiras atacam principalmente antes da irrigação, cortando as raízes: as plantas ficam amarelas, secam e morrem. No período reprodutivo, os maiores danos são dos adultos, nas taipas ou partes altas da lavoura, onde cortam as plantas junto ao solo. Quando da formação do grão, ocorrem panículas brancas. Em ataques posteriores, causa o acamamento, ficando as gramíneas caídas para todos os lados.
• O pulgão ataca a lavoura antes da irrigação, nas taipas e áreas próximas, formando colônias e sugando as raízes, sendo encontrados até 150 insetos por planta. Por apresentarem coloração escura, são difíceis de serem encontrados, pois se confundem com o solo. Ao atacarem, deixam o arroz com estatura reduzida e clorose nas folhas, que ficam enrugadas e alaranjadas. Porém, com a irrigação, muitas plantas conseguem recuperar-se. Em estudo realizado em Cachoeira do Sul nesta última safra, na área atacada pelo hemíptero ocorreu uma redução na produtividade de 7%.