Cautela, parcimônia e coragem

Apesar das perdas do El Niño, que afetaram drasticamente algumas lavouras, o saldo final é positivo.

A safra gaúcha de arroz, que corresponde a mais de 60% da produção brasileira, acumulará uma perda próxima de um milhão de toneladas de grãos, segundo dados dos centros de pesquisas e analistas de mercado. Essas perdas estão diretamente relacionadas ao clima, mas também ao fato de alguns segmentos não terem alcançado a excelência, ou pelo menos a alta tecnologia, no manejo recomendado pelos pesquisadores e extensionistas. 

Enquanto os analistas de mercado acreditam em um ano de média de preços melhor do que 2009, em que pese o risco das importações em exagero comprometerem a renda da orizicultura até 2011, há muitos arrozeiros cuja renda será zero, ou pior, negativa. É o caso de um produtor de Cachoeira do Sul (RS) que perdeu 600 hectares de arroz pela invasão de sua lavoura pelos rios durante as enchentes. Pode parecer inicialmente que este é um problema dele, mas na verdade é um problema nacional, segundo o exemplo dado pelo presidente da Federarroz, Renato Rocha. Só essa lavoura seria suficiente para garantir a porção diária de arroz no prato de 60 mil brasileiros durante um ano. 

Isso quer dizer que não foi um produtor apenas quem perdeu. Perderam os consumidores que dependem dele, as empresas de insumo, a indústria e toda a cadeia produtiva. Perdeu o Brasil. 

A dimensão da safra agrícola será diferente para alguns produtores, mas no conjunto geral, depois do El Niño, o resultado para a maioria ainda é positivo. Basta saber comercializar com cautela e que o Brasil tenha parcimônia nas importações e coragem nas exportações.
Boa leitura!

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