Ceará começa a produzir arroz irrigado
Iguatu e Quixelô, no Centro-Sul, são os dois maiores produtores no Ceará. O cultivo prossegue até setembro .
Desde julho passado que começou o plantio de arroz irrigado nas várzeas de Iguatu e de Quixelô, no Centro-Sul. Esses dois municípios são os maiores produtores no Ceará. Em relação a 2007, a Ematerce tem uma estimativa inicial de 60% da ampliação da área de plantio. O cultivo prossegue até meados do mês de setembro, numa área total de 2 mil hectares. A produtividade média é de 6 mil quilos por hectare. A produção deve chegar a 120 mil toneladas.
O cultivo é feito nas lagoas de Barro Alto, Iguatu, nas várzeas do Rio Jaguaribe, nas regiões de Cardoso, Quixoá, Santa Rosa e nas tradicionais vazantes do Açude Orós. A cheia dos reservatórios favorece o plantio em determinadas áreas, mas muitas terras férteis ficaram inundadas. A colheita, na maioria das áreas, será concluída em dezembro próximo.
Por enquanto, o preço da saca de 60kg do arroz em casca, novo, é comercializado por R$ 40,00, mas há tendência de queda. Em 2007, os reservatórios e poços estavam secos e isso dificultou a produção de arroz irrigado. O plantio ocorre no segundo semestre. A novidade neste ano é o cultivo intenso no entorno da Lagoa de Iguatu, que, nos últimos anos, estava seca e não houve produção.
– Estão plantando em todos os lados – diz o secretário de Agricultura de Iguatu, Valdeci Ferreira.
– Serão mais de 300 hectares cultivados.
Ferreira discorda, entretanto, do aumento da área neste ano.
– Na bacia do Orós e na Lagoa de Barro Alto muitas terras permanecem encobertas.
O agrônomo da Ematerce, Jaime Uchoa, disse que os representantes de instituições ligadas ao setor agrícola deverão se reunir no próximo mês para definir o total da área de cultivo de arroz irrigado em Iguatu e Quixelô.
– Vamos visitar algumas regiões e conversar com os produtores. Por enquanto, a nossa estimativa inicial é de 2 mil hectares cultivados.
Os agricultores trabalham em ritmo intenso, na preparação de terras, no cultivo dos canteiros e no transplantio do arroz, que é feito em áreas irrigadas. O serviço varia de região para região. Alguns começaram mais cedo, no início de julho. É o caso do produtor, Antônio Duarte de Oliveira, na Lagoa de Barro Alto, um dos primeiros a preparar a terra e plantar.
– A minha área fica numa parte mais elevada e deu para começar mais cedo. Outros estão começando agora.
Quem tem terra descoberta está satisfeito.
– Está bom porque temos garantia de que não faltará água para irrigação – observa o agricultor José Pereira da Silva.
– A nossa dificuldade é a falta de trabalhador. Muitas terras vão ficar sem cultivar porque não temos mão-de-obra.
Ele cultivou cinco hectares, mas a área poderia ser o dobro.
Já o pequeno agricultor Francisco Gildernando de Souza Braga arrendou na modalidade de meeiro, cinco hectares, na Lagoa de Barro Alto. O dono da propriedade prepara a terra, fornece água, semente e a metade do adubo. O herbicida e o trabalho são por conta dos produtores. Ao final, a colheita é dividida ao meio.
– Esse é o nosso trabalho e esperamos tirar uma boa safra – diz.
Na localidade de Santa Rosa, nas várzeas do Rio Jaguaribe e na bacia do Açude Orós, o agricultor Valdenor Silva disse que, em 2007, cultivou apenas 1,5 hectare, pois o reservatório estava seco e as águas distantes das áreas de cultivo.
– Agora vou plantar quatro e posso aumentar a área se as águas baixarem em tempo. Para nossa região, está favorável.
O agricultor Francisco Barbosa deverá cultivar 20 hectares na localidade de Cipó, nas várzeas do Açude Orós. Os produtores Barbosa e Silva estiveram, ontem pela manhã, no escritório da Ematerce, para fazer o encaminhamento de projetos de financiamento de custeio de arroz irrigado. Os recursos deverão ser liberados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Diariamente, em média, 10 pequenos produtores procuram o escritório da Ematerce para fazer o encaminhamento do custeio agrícola da safra irrigada de arroz.