Cenário é importador
Com o saldo exportável do Mercosul em baixa por conta das safras menores no Brasil, Argentina e Uruguai e a estimativa de que os brasileiros seguirão exportando ao ano algo em torno de 1 milhão de toneladas, pelo menos, as relações de mercado tendem a ser mais ajustadas nesta temporada, na expectativa do analista Elcio Amarildo Bento, da Safras & Mercado. Ele acredita que a quebra da safra brasileira, os baixos estoques de passagem e a exportação de 1 milhão de toneladas podem forçar uma importação mais alta no ano comercial 2019/20. Lembra que para isso parte-se de um pressuposto de que os números oficiais estejam próximos da realidade.
“Após o grande superávit comercial da temporada passada, inferior apenas ao de 2011/12, conquistado via PEPs, a queda da safra atual e os números do estoque de passagem, há um indicativo de que o Brasil poderá comprar mais do que vender no exterior”, avalia. Nessa linha trabalha a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estima a compra de 1,3 milhão de toneladas e a venda de 900 mil, com déficit de 400 mil toneladas.
O saldo exportável dos três países parceiros do Brasil no Mercosul é de 2,67 milhões de toneladas. Se o país importar a 1,3 milhão estimada pela Conab, sobrará 1,37 milhão de toneladas para atender a outros países. “Na temporada passada, o Brasil comprou cerca de 870 mil e os demais clientes globais do Mercosul, 2,021 milhões de toneladas” indica.
Dentro da lógica de formação de preços, o que ditará a dinâmica das cotações internas na temporada é a paridade de importação, ao contrário de 2018, quando foi a de exportação. Bento entende que o Brasil e o Mercosul devem aproveitar para vender bem até agosto, pois a entrada da safra norte-americana abre uma disputa comercial mais acirrada nas Américas.
Na temporada, os EUA operaram com preços mais baixos e afetaram a nossa competitividade nas Américas Central e do Norte, pois têm uma grande vantagem no custo do frete, na estrutura de logística e nos subsídios.
Em destaque
Há dois destaques na comercialização internacional do arroz brasileiro neste início de ano comercial (março e abril de 2019). São eles: os quebrados de arroz, que chegaram a representar quase 57% dos embarques em abril, e o arroz branco de alta qualidade, que está fidelizando o mercado do Peru. “Os nossos exportadores estão avançando sobre um mercado que era cativo do Uruguai”, resume. Além do câmbio estar ajudando, há um grande diferencial que faz os consumidores africanos preferirem o arroz quebrado brasileiro para sua culinária: a qualidade. Neste mercado, o Brasil concorre muito com a Ásia, que costuma ofertar um grão inferior. O Paraguai é o maior fornecedor de arroz para o Brasil, com mais de 65% do grão importado, em especial por São Paulo e Minas Gerais, e os países africanos são os grandes clientes brasileiros, acompanhados do Peru, na América do Sul.
FIQUE DE OLHO
No ano civil, entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, o país exportou 513,6 mil toneladas de arroz em base casca, com a importação de 265,5 mil. O saldo é de 258,1 mil toneladas. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é pessimista quanto aos resultados da balança comercial e projeta 400 mil toneladas de déficit, com o Brasil exportando 900 mil e importando 1,3 milhão de toneladas.