Cenário mundial
Brasil precisa inserir-se no mercado mundial.
Nos últimos cinco anos, em relação ao arroz, vêem-se grandes modificações no cenário mundial, as quais podem ser traduzidas em oportunidades para o Brasil. Nos principais países produtores e consumidores, especialmente na China, vem se reduzindo a oferta do produto, com o consumo permanecendo praticamente nos mesmos níveis. As mudanças que estão ocorrendo nesse país são estruturais, ou seja, parte dos recursos humanos e recursos naturais, como a água, é direcionada para a urbanização, indicando que a tendência de redução da produção deverá continuar. Entretanto, como estamos tratando de país com economia planificada, é possível que os estrategistas tenham vislumbrado cenários diferentes.
Outra questão relevante se refere à possível mudança do perfil de consumo de arroz da população chinesa. Atualmente, o consumo daquele país está próximo de 135 milhões de toneladas de arroz beneficiado. O cenário em perspectiva poderá ser alterado caso haja uma mudança no perfil de consumo dessa população. Caso o cenário atual permaneça, é possível que dentro de poucos anos a China venha a se tornar um grande importador mundial de arroz. É difícil pensar no Brasil como exportador para a China, já que dois fatores são desfavoráveis: a menor relação de distância e as variedades de arroz produzidas pelos países vizinhos do leste asiático.
Entretanto, se a China tornar-se um grande importador da Tailândia e do Vietnã, o Brasil e o Mercosul podem acessar os mercados que esses países deixarem de atender, elevando assim a produção interna. Não se pode esquecer, todavia, a questão de mercado do Mercosul que tem se complicado nos últimos anos em razão do excedente de produção do bloco, já que o Brasil tem perseguido a sua auto-suficiência, enquanto que os países-membros também buscam elevar sua produção para exportação, tendo o Brasil como destino principal. Deste modo, não resta outra condição senão o excesso de oferta interna deprimindo os preços e provocando grandes transtornos ao produtor nacional. Como saída só existem duas alternativas: a redução da produção interna do bloco ou a busca de novos mercados. É neste segundo caminho que se pretende trilhar, precisando, entretanto, de:
Integração de mercados dos países que fazem parte do Mercosul
A idéia de competição entre os países do Mercosul só traz dificuldades entre eles próprios. É certo que as políticas e práticas entre os mesmos não estão harmonizadas, já que permitem que existam ganhos diferenciados entre os participantes, provocando sérias distorções e animosidades. Como o mercado interno não comporta a elevação da oferta além de certo quantitativo, é necessário que o aumento da produção seja precedido do dimensionamento da demanda externa.
Equilibrar a oferta dos países-membros
No mercado internacional não é possível operar com ofertas em momentos de abundância, ausentando-se do mercado em momentos de escassez. Para que os países do Mercosul tenham condições de ganhar novos mercados é necessário que a produção seja equacionada, mantendo a produção equilibrada, em atendimento aos mercados conquistados.
Buscar a redução gradual dos protecionismos internacionais
A existência de pesados subsídios por parte de países exportadores, principalmente Estados Unidos, e importadores, caso da Europa e do Japão, dificultam sobremaneira as aspirações dos países do Mercosul em ganhar novos mercados. Assim, a busca para superar esses entraves deve ser permanente e parte da estratégica dos países-membros.
Aumento da demanda interna
Além da busca do aumento das exportações, todos os países-membros devem ir em busca do aumento do consumo interno. No caso específico do Brasil, está provado que a dobradinha arroz com feijão é muito saudável e agrega qualidade à alimentação do brasileiro, especialmente àquele de menor poder aquisitivo. Assim, campanhas de marketing são necessárias para aumentar ou retornar o consumo interno de arroz aos patamares dos anos 1970.
Melhoria no padrão técnico do arroz
Nos últimos anos, as indústrias de beneficiamento buscaram modernizar-se, tornando-se verdadeiras indústrias de alimentos e não mais engenhos de beneficiamento de arroz. Entretanto, além da qualidade no tratamento do produto é necessário agregar maiores ganhos para quem consome tal produto.
Assim, a idéia de produzir alimentos funcionais que atendam necessidades específicas da população é uma idéia genial que devemos incorporar.