Cenário mundial favorece exportações brasileiras de arroz, avalia Conab
Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) avaliam que a operação inaugurará um período promissor para o arroz brasileiro no mercado internacional.
Uma carga de 25 mil toneladas marcará o retorno do Brasil ao comércio mundial do arroz em casca, depois de ficar 27 anos sem exportar o produto. A venda está sendo negociada pela Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), que prevê o embarque para o próximo mês. Por enquanto, a entidade não revela o nome do importador e nem o destino do carregamento. Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) avaliam que a operação inaugurará um período promissor para o arroz brasileiro no mercado internacional.
Neste ano, o Brasil tem uma safra de 12,7 milhões de toneladas para atender o consumo interno de 12,6 milhões de toneladas. Os produtores do Rio Grande do Sul maior pólo de orizicultura do país esperam exportar o excedente de 100 mil toneladas. A América do Sul e Central, o Leste Europeu, a África e o Oriente Médio estão entre os mercados alvo dos arrozeiros gaúchos. A Federarroz fez uma parceria com uma trading, que está participando das negociações com os importadores.
Analista do mercado de arroz da Conab, Paulo Morceli diz que o cenário internacional favorece as exportações brasileiras. Segundo ele, os estoques mundiais do produto vêm caindo nos últimos tempos, enquanto aumenta a demanda. Neste ano, a produção mundial é de 569 milhões de toneladas, e o consumo, de 607 milhões de toneladas. O déficit de 38,5 milhões de toneladas será suprido com o estoque de passagem, de 122 milhões de toneladas. Isso deve beneficiar o produtor brasileiro.
Morceli destaca que a produção brasileira de arroz vem crescendo, o que elevará o excedente exportável. Na atual safra, houve um incremento de 2,3 milhões de toneladas, em relação à colheita passada, de 10,3 milhões de toneladas. Dois fatores contribuíram para esse resultado: a expansão da área plantada em 499,3 mil hectares, passando de 3,18 milhões para 3,58 milhões de hectares, e o aumento da produtividade, que saltou de 3,25 mil para 3,54 mil quilos por hectare.
As projeções indicam que na próxima safra o déficit mundial de arroz será de 17,8 milhões de toneladas, apesar do crescimento da produção, que poderá chegar a 596 milhões de toneladas. Para atender o consumo estimado em 613,7 milhões de toneladas, os mercados precisarão recorrer aos estoques de passagem, que podem cair para 104,2 milhões de toneladas, ou buscar novas alternativas de suprimento do produto. Como deverá ter excedentes em 2005, o Brasil poderá aumentar a sua participação do comércio internacional de arroz.
Embora a produção não acompanhe a demanda, a Organização das Nações Unidas (ONU) está empenhada em promover o consumo do produto. Para tanto, a ONU declarou 2004 como o Ano Internacional do Arroz, com o slogan Arroz é Vida. Atualmente, calcula a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o arroz é consumido por metade da população mundial, cerca de 3 bilhões de pessoas.