Chávez determina ocupação militar de empresas de arroz
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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, determinou neste sábado uma intervenção militar em todas as fábricas processadoras de arroz do país.
O governo alega que as empresas têm se negado a respeitar a congelamento de preços determinada pelo Executivo e estariam deixando de produzir.
– Este governo está aqui para proteger ao povo, não a burguesia rica – disse o mandatário venezuelano em cadeia nacional de rádio e televisão, ao ordenar que o Exército do país ocupasse silos de processamento de arroz.
– Peço apoio do povo para aprofundar a revolução.
Polar
De acordo com o ministro de Agricultura, Elias Jaua, entre as primeiras indústrias afetadas estará a fábrica de alimentos Polar, a maior do país.
– Há meses as empresas produtoras de arroz vêm desafiando as leis (…) no que se refere à embalagem e produção de arroz – afirmou.
Jaua disse que as empresas estariam deixando de produzir o arroz branco “para evadir” o congelamento de preços imposto pelo Executivo a todos os produtos da cesta básica.
No lugar desse produto, as indústrias estariam processando outros tipos de arroz que custam o dobro e não são afetados pelo tabelamento.
O governo afirma que a ocupação das fábricas é de caráter temporário e está prevista na lei de Soberania Alimentar.
Caso as empresas resistam a continuar produzindo sob as regras federais, o governo advertiu que poderá expropriá-las.
Expropriação
Já na sexta-feira, de acordo com a empresa Polar, 16 mil toneladas de arroz foram retidas por autoridades venezuelanas de um silo no Estado de Guárico (região central). A empresa emitiu comunicado considerando a medida “ilícita e arbitrária” e anunciou que recorrerá aos tribunais.
Desde 2002, quando o governo estabeleceu o congelamento dos preços dos produtos da cesta básica, há confronto entre empresários e governo.
Os produtores alegam que a medida afeta a competitividade do setor de alimentos. Já o Executivo argumenta que a lei combate a especulação e protege as classes E e D da inflação dos produtos de primeira necessidade.
A disputa política entre os dois grupos tem gerado períodos de escassez de alimentos. O ápice foi em 2007, quando leite, açúcar, arroz e feijão desapareceram dos supermercados às vésperas de um referendo para promover uma ampla reforma constitucional.
Na ocasião os venezuelanos rejeitaram a proposta de reforma do governo. Alguns setores oficialistas afirmam que o desabastecimento foi um dos motivos da derrota.
Desde então o governo incrementou as importações de alimentos, provenientes principalmente do Brasil e Colômbia. Cerca de 70% dos alimentos que vão à mesa dos venezuelanos são importados.


