Chegou quem faltava
Sistema Provisia chega ao campo e alcançará as lavouras em 2022/23
Duas décadas depois de revolucionar o cultivo e ser fundamental na elevação em mais de 50% da produtividade do arroz irrigado no Brasil e nas Américas com o sistema de produção Clearfield, resistente aos herbicidas do grupo das imidazolinonas, a Basf está promovendo novo salto tecnológico dirigido à orizicultura, com o sistema de arroz Provisia. A tecnologia, que chegará às lavouras comerciais na próxima safra e está em produção de sementes, promete ampliar e potencializar a vida útil do sistema CL e resolver, por bom tempo, desde que seja usado o manejo adequado, alguns dos maiores problemas das lavouras com as plantas daninhas, incluindo aquelas com resistência a herbicidas.
O ato solene de lançamento foi digital, nos primeiros dias de fevereiro, mas em campo e presencialmente ocorre entre os dias 16 e 18 nas vitrinas e áreas demonstrativas da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Capão do Leão (RS), promovida pela Federarroz. O pós-emergente, associado às cultivares resistentes e à rotação com soja, é considerado uma ótima ferramenta para o controle de gramíneas, em especial o arroz vermelho e o capim-arroz, mesmo que estas resistam a outros herbicidas.
Diferentemente do caso do arroz CL, o Provisia terá mecanismos extras de segurança, uma vez que muitos produtores não seguiram as recomendações da tecnologia Clearfield no passado – como utilizar dois anos e depois voltar ao cultivo não CL na área. Algumas pessoas usam a tecnologia CL desde o seu lançamento, resumindo-se a aumentar a dosagem do herbicida, permitindo escapes, pressionando pelo desenvolvimento de resistência nas invasoras e deixando de lado outras práticas agronômicas, o que não é recomendado.
Também por isso, e o fato da cadeia produtiva ter aprendido com o passado, o novo sistema tem três pilares: as sementes híbridas da Basf (Lidero) resistentes ao novo herbicida Provisia 50 EC, a rotação com a cultura da soja e o próprio sistema CL, presente em mais de 90% da área gaúcha, que recuperará sua relevância.
RESISTÊNCIA
“Clearfield, Provisia e rotação de culturas e dos sistemas de produção, com boas práticas de manejo, formam conjunto de ações capaz de garantir ao agricultor um controle mais eficiente de invasoras, com ganhos produtivos e solução sobre as plantas daninhas resistentes”, explicou José Mauro Guma, gerente de sementes de arroz e trigo da Basf. Neste rol, podem ser incluídos aqueles biótipos de plantas resistentes à acetolactato sintase (ALS), como arroz vermelho, capim-arroz e outros. Nesta safra, as cultivares estão em produção de sementes e terão nova geração de inverno produzida no nordeste do país. Mas a comercialização para a próxima safra já está iniciando.
Ao produtor, o sistema será oferecido para a safra comercial 2022/23. Seu modo de ação está baseado na inibição de ACCase e será, inicialmente, ofertado apenas nas cultivares híbridas Lidero. “Através dos híbridos já lançados com a tecnologia Clearfield e os novos, que incluem o sistema Provisia, o agricultor terá ainda mais capacidade de complementar seu sistema de produção com eficiência no controle de plantas daninhas, o que resulta em produtividade e, por fim, em renda”, acrescentou Guma.
Altas produtividades e segurança
Com a estratégia de diversificação de culturas, sistemas de produção e boas práticas de manejo, o sistema Provisia irá oferecer soluções conectadas para alta produtividade e longevidade da lavoura do agricultor. A tecnologia, que será disponibilizada com exclusividade por meio da marca de sementes de arroz Lidero, contará com a tolerância ao novo herbicida Provisia 50 EC. O novo herbicida irá oferecer um mecanismo de ação alternativo para o controle de plantas daninhas em pós-emergência da cultura, como arroz vermelho e o capim-arroz, inclusive biótipos resistentes aos inibidores de ALS (acetolactato sintase).
“O sistema Provisia chega para contribuir com o legado dos rizicultores do país. Acreditamos que o fortalecimento e a longevidade do sistema produtivo do agricultor passam pela estratégia de diversificação de culturas e integração de práticas de manejo”, ressaltou Luciano Pizzuti, gerente de marketing de arroz e trigo de soluções para agricultura da Basf.
Híbridos
As sementes híbridas de arroz da Basf auxiliam o agricultor para o alcance de altas produtividades. E na estratégia de oferecer um sistema robusto e completo, ainda na safra 2022/23, a Basf irá disponibilizar os novos híbridos de arroz Provisia com a tolerância ao herbicida Provisia 50 EC. As cultivares híbridas Lidero, marca de arroz da Basf, contarão com uma genética avançada, alto teto produtivo e qualidade de grãos.
“A disponibilização de novas cultivares, desta vez com a tecnologia Provisia, reforça o compromisso da empresa em entregar soluções cada vez mais completas e conectadas para os rizicultores do país. Investimos e estamos trabalhando muito nos ensaios para que os híbridos de arroz Lidero com a tecnologia Provisia também possam expressar patamares de produtividade semelhantes ou superiores aos obtidos na última safra”, afirmou José Mauro Costa Rodrigues Guma, gerente de sementes de arroz e trigo de soluções para agricultura da Basf.
Questão básica
O sistema Provisia faz parte do investimento global da Basf de € 900 milhões ao ano em pesquisa e desenvolvimento de novas soluções para o agricultor e chega para revolucionar o cultivo de arroz no Brasil. O objetivo é auxiliar o agricultor em seus principais desafios no campo a partir da: adoção dos novos híbridos de arroz Provisia com alto teto produtivo e qualidade de grãos; utilização do novo herbicida Provisia 50 EC; integração dos sistemas de produção Clearfield e Provisia; rotação de culturas e adoção de boas práticas de manejo. Para os próximos anos, o sistema também estará disponível em importantes mercados da América Latina.
Muito além das gramíneas
Como o sistema Provisia para o controle em pós-emergência de plantas daninhas tem grande eficiência sobre as gramíneas como arroz vermelho, capim-arroz e outras invasoras resistentes que surgem nas lavouras, tornou-se necessário recomendar um complemento com ação dirigida às plantas de folhas largas. O foco principal são as ciperáceas resistentes, família do junquinho e da tiririca. Entre elas a ciperus iria, que é a mais comum nas lavouras gaúchas, segundo o representante da área de desenvolvimento técnico de mercados da Basf, Paulo Mazzoni.
Com o surgimento desta resistência, os herbicidas que tinham residual para controle de ciperáceas se perdeu. “Há alguns anos se fazia controle apenas com herbicida de absorção foliar. Aplicava, o defensivo pegava na folha e havia o controle, mas esse modelo não trazia nenhuma flexibilidade de manejo. Se houvesse outro fluxo de ciperáceas, que é normal da espécie, o agricultor teria que aplicar o produto novamente”, revelou Mazzoni.
No ano passado, porém, a Basf apresentou ao mercado o pré-emergente Prowl, que além de um ótimo controle de gramíneas, como pé-de-galinha, papuã, milhã, capim-arroz, também controla ciperáceas resistentes e tem efeito residual. “Considerando que o Provisia controla muito bem as gramíneas, temos recomendado o uso do Prowl em pré-emergência junto com o glifosato e associado o Heat, outro herbicida da Basf”, revelou o agrônomo da empresa.
O Heat age combinado no sentido de aumentar o espectro de ação sobre as folhas largas e dá complemento ao controle com espécies de ciperáceais. “Desta maneira, o produtor inicia com um ponto de agulha robusto, depois vem o complemento com o Provisia sobre os resistentes com duas aplicações no seco”, resumiu.
Uma Pergunta
É possível usar o herbicida do sistema CL nas variedades Provisia e vice-versa?
O engenheiro agrônomo especialista em controle de plantas invasoras e integrante da área de desenvolvimento técnico de mercados da Basf, Paulo Fabrício Sachet Mazzoni, respondeu: “Não. Os híbridos são resistentes exclusivamente aos herbicidas associados a sua tecnologia. O uso do herbicida Provisia no arroz CL vai matar as plantas como se fosse uma gramínea invasora e o mesmo acontecerá no uso do Kifix sobre híbridos do sistema Provisia”.
Novo sistema, nova fase
No lançamento do sistema Provisia, o professor Ênio Marchezan, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e do Grupo de Pesquisas do Arroz Irrigado (Gpai/UFSM) fez uma apresentação traçando a linha do tempo do desenvolvimento da orizicultura. Segundo ele, pode-se considerar cinco fases distintas desde a década de 1960, sendo a primeira marcada pelo desenvolvimento das chamadas variedades modernas “BR Irga 409 e BR Irga 410”, que apresentavam melhor resposta à fertilização e também melhor ponto de cocção.
A segunda fase, segundo Marchezan, foi marcada por sistemas de cultivos mais conservacionistas, com preparo antecipado do solo e perfil de taipas mais baixas. Mas, para ele, foi na terceira etapa que o cultivo orizícola gaúcho – e no Mercosul – deu um salto: “O grande divisor de águas foi o lançamento da tecnologia Clearfield combinada com um programa de ações de manejo que passou a buscar altas produtividades. O CL, cujo modo de ação se baseia em inibir uma enzima acetolactato sintase (ALS), apresentou um acréscimo de pelo menos duas toneladas por hectare nas lavouras.
A necessidade de evoluir nas práticas agrícolas, potencializar o uso das áreas e buscar novas ou mais eficientes fontes de renda, porém, exigiram novas evoluções. Com o avanço da tecnologia, conhecimento e eficiência nas práticas agrícolas, a última década tem sido marcada pela busca de uma nova realidade, com a diversificação de culturas e de renda, em especial a rotação do arroz com a soja, exigindo cada vez maior carga de conhecimento, pesquisa e tecnologias. Foi quase automática a entrada em num novo sistema de produção que ainda exigirá muita tecnologia, muito conhecimento, mas que já é uma realidade”.
Para Marchezan, atualmente com dois modelos distintos de ação e controle de plantas daninhas, como o arroz vermelho que é o maior problema histórico dos cultivos comerciais, em muitos casos resistentes às tecnologias anteriores, como o próprio CL, será possível lançar mão de recursos eficientes para alcançar um nível de controle que só foi possível em dois momentos da história. “Agregar a rotação do sistema CL com o Provisia e a soja, por exemplo, mas que no futuro poderá ser o milho, para alcançar máxima eficiência, sustentabilidade e rentabilidade em longo prazo nas suas áreas de cultivo é o grande desejo e a grande demanda do agricultor neste momento”, reconheceu.
Fique de olho
A rotação de culturas dentro do sistema produtivo do agricultor, viabiliza o aumento de produtividade, auxilia no desafio da resistência de plantas daninhas, resultando em uma lavoura mais sustentável. A BASF orienta o agricultor para utilização dos sistemas de produção de arroz em alternância com o cultivo da soja.