China pode ficar sem arroz e trigo
As reservas são um segredo de Estado na China, o que deixa o mercado tentando adivinhar se compras repentinas elevarão os preços.
Feixes de culturas de grãos envolvem o símbolo nacional da China, mas o gigante asiático deverá enfrentar falta de arroz e trigo este ano e talvez também no futuro próximo. O país teve uma safra abundante de grãos, de 496 milhões de toneladas em 2004, mas vai usar parte dela para reabastecer estoques estatais, que, segundo analistas, diminuíram bastante ultimamente devido a uma década de declínio das safras de grãos do país.
As reservas são um segredo de Estado, o que deixa o mercado tentando adivinhar se compras repentinas elevarão os preços ou se uma liberação dos estoques irá inundar o mercado.
A China é o grande fator do mercado. O que a Rússia era 20 anos atrás, a China é agora, disse um empresário de Cingapura. A União Soviética costumava agitar o mercado mundial de grãos com algumas compras desordenadas.
Reformas na China têm permitido que produtores decidam quais produtos plantar baseados nos preços de mercado. Mas seus cálculos são obscurecidos pela imprevisibilidade das reservas. O governo central sabe qual é a quantidade das reservas. Mas eles não sabem os níveis em estoques comerciais ou provinciais, ou nas mãos dos 700 mil produtores.
O presidente Wen Jiabao anunciou o fim dos impostos na agricultura dois anos antes do previsto e aumentou os subsídios aos grãos e outros auxílios aos produtores. Ele garantiu que irá impulsionar a produção de grãos e manter os preços estáveis. As condições climáticas quase perfeitas e os altos preços do mercado, porém, contribuíram mais do que os subsídios aos grãos para a safra abundante do ano passado, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Crescem as dúvidas sobre se a China pode conseguir outro aumento em 2005.