Clima severo do sul dos EUA afeta o beneficiamento

 Clima severo do sul dos EUA afeta o beneficiamento

Indústrias precisaram parar de funcionar por dias e tiveram danos

Neve, gelo e temperaturas baixas levaram serviços a ponto de ruptura em Arkansas, Louisiana, Mississippi e Missouri, mas o estado mais atingido de todos foi o Texas.

A cadeia produtiva do arroz dos Estados Unidos está sofrendo com o mau tempo desde 2020 – com os furacões mais fortes a atingir o país e incêndios florestais devastadores no Oeste. Os otimistas achavam que o novo ano traria tudo melhor, inclusive o clima. Dois meses depois, eles estão profundamente desapontados com o rigoroso clima de inverno que atingiu grande parte do país e todos os estados arrozeiros do Sul dos Estados Unidos.

Neve, gelo e temperaturas de um dígito levaram os serviços civis ao ponto de ruptura em Arkansas, Louisiana, Mississippi e Missouri, mas o estado mais atingido de todos foi o Texas, que esteve, de acordo com relatórios, a minutos de uma implosão catastrófica de energia que levaria meses para consertar.

Os engenhos de arroz em toda a região ficaram inativos por vários dias por diversos motivos, mas a segurança do trabalhador foi priorizada. “Quando o clima e os desastres naturais acontecem, nossa primeira prioridade é a segurança de nossos funcionários. Nesse caso, as condições das estradas eram uma grande preocupação, então decidimos fechar as fábricas para que nossos funcionários não corressem riscos”, disse o gerente de uma empresa.

“Com quase 40 anos na indústria de arroz, nunca vi os desafios operacionais que enfrentamos na semana passada”, disse Keith Glover, presidente da Associação das Indústrias de Arroz dos Estados Unidos (USARICE).

Outro industrial explica que “não queríamos pessoas nas estradas desnecessariamente, então decidimos fechar as empresas e aguardar o melhor momento para voltarmos a trabalhar”.

As condições traiçoeiras das estradas também significavam que, mesmo que as fábricas estivessem funcionando, a logística e o transporte estariam comprometidos.

“Geralmente funciona como um balé, tão bem, que você nem pensa a respeito”, explicou outro industrial que desativou os processos durante a crise. “O arroz em casca é entregue, beneficiado, e destinado ao mercado juntamente com o farelo e as cascas direcionadas à produção de energia. Mas, se os caminhões não puderem chegar até você? A logística de todos foi impactada como nunca vi antes. Se estivéssemos colhendo, poderíamos ter problemas na armazenagem ou até mesmo sem destino para enviar, mas o mercado está em um patamar que pode recuperar o ritmo em alguns dias”, acrescentou a fonte para a Associação das Indústrias de Arroz dos Estados Unidos.

Não foram apenas as estradas que foram impactadas.

“Um exemplo de como a semana passada foi sem precedentes, tínhamos vagões ferroviários que estavam tão congelados nos trilhos que não se conseguia movê-los”, disse outro moleiro.

Muitos são rápidos em apontar que, mesmo que as estradas estivessem desobstruídas e os funcionários pudessem se apresentar com segurança para o trabalho, as restrições dos serviços públicos forçariam o fechamento de qualquer maneira.

“Vimos a pressão da água cair para níveis onde basicamente não tínhamos abastecimento, porque as pessoas estavam armazenando em casa para evitar que os canos não congelassem e rompessem. Os poços da cidade estavam congelando”, observa.

A energia também se tornou escassa.

Recebemos um corte de gás natural de nosso fornecedor, e quando perguntei o que exatamente isso significa, me disseram, zero. Bem, fechamos aquela fábrica, é claro.

Além de não haver energia para operar os equipamentos, as instalações não podiam ser aquecidas, então canos, válvulas e outros equipamentos começaram a quebrar e precisarão ser substituídos em toda a região.

“Nosso equipamento não funciona bem em temperaturas baixas, tudo fica mais lento, o farelo pode congelar”, explica. As instalações, que se concentraram na proteção contra furacões tanto quanto possível, agora começarão a tomar medidas para fazer melhorias operacionais para minimizar interrupções e despesas de eventos climáticos semelhantes no futuro.

“Queremos nos preparar melhor para a remoção de neve e aquecimento de partes de nossas fábricas para evitar o rompimento dos canos, como vimos na semana passada”, disse um deles.

Com as temperaturas voltando ao normal, os processos serão gradativamente retomadas, mas as perdas são estimadas em centenas de milhares de dólares e pode levar semanas para alcançar a produção normal, segundo o industrial.

As frases “sem precedentes” e “tempos desafiadores” foram usadas extensivamente nos últimos 12 meses, e talvez até mesmo exageradas, mas às vezes essas são as palavras corretas.

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