Colheita de arroz deve ser menor do que em 2023

 Colheita de arroz deve ser menor do que em 2023

(Por Cleiton Evandro / AgroDados / Revista Planeta Arroz)  A safra de arroz 2023/24 no Brasil poderá ser inferior à concretizada no ano passado, apesar do aumento de área de 4,4%, por causa dos danos das enchentes e do excesso de chuvas provocados pelo fenômeno El Niño. A enchente recorde da bacía do Rio Jacuí e afluentes, do Taquari, Lago Guaíba e da Lagoa dos Patos, que começou dia 1º de maio no centro do Rio Grande do Sul até agora afetou profundamente pelo menos 75 mil hectares de arroz, atingindo também áreas de cultivo do Litoral Norte gaúcho.

Agora, às águas estão chegando às planícies costeiras e à Região Sul, que também enfrenta chuvas. A região de Camaquã, na Planície Costeira Interna foi outra que teve problemas com enchentes. No Brasil, a área semeada chegou a 1,545 milhão de hectares, com produtividade prevista de 6.841 quilos por hectare e uma produção total de 10,57 milhões de toneladas. No entanto, contava com os 900,6 mil hectares do Rio Grande do Sul, que não deverão alcançar a produtividade esperada.

A Conab projetava um aumento na produtividade em 3,3%, para 8.301 quilos por hectare, que somaria 7,48 milhões de toneladas, com aumento de 7,8% sobre a produção do ano passado. No entanto, estes números não devem ser confirmados. A Região Central gaúcha já vinha com uma produtividade média inferior aos 8,3 mil quilos por hectare. E está com 45 mil hectares alagados. Trata-se da região que, afetada por enchentes entre setembro e dezembro, atrasou o plantio para dezembro/janeiro. Agora, a lavoura quase pronta para colher foi duramente atingida. Além disso, vários silos com o arroz já colhido foram atingidos.

No Estado, 150 mil hectares estavam no campo.

O Irga divulgou que 83% da colheita estava concluída. Mas, extraoficialmente, já eram computados 12.500 hectares já haviam sido perdidos. A Zona Sul e a Fronteira Oeste, já estavam com a colheita praticamente colhidas. A expectativa agora, é de que a produtividade média caia para menos de 8 mil quilos por hectare e a produção total gaúcha seja inferior a 7 milhões de t. A estimativa, extraoficial de alguns representantes do setor gira entre 6,8 e 7 milhões de t.

MERCADO

O mercado já está reagindo ao novo cenário da safra gaúcha. Em Cachoeira do Sul, o mercado abriu nesta segunda-feira a R$ 105,00 por saca, R$ 3,00 acima dos preços praticados na sexta-feira. Porém, a cidade está ilhada porque o Rio Jacuí passou por cima da ponte do Fandango. No município, e nos vizinhos Novo Cabrais, Paraíso do Sul e Cerro Branco, também atingidos seriamente pela enchente, mais de 10 mil hectares de arroz estavam no campo.

Em Uruguaiana a colheita está praticamente concluída, mas há previsão de cheias no Rio Uruguai e afluentes, mas neste caso atingiria mais as áreas de soja. O mercado seguiu travado nesta segunda-feira, mas na semana passada operava entre R$ 108,00 e R$ 110,00 por saca de 50 quilos. No porto, os preços variavam entre R$ 112,00 e R$ 114,00. Em Mostardas e região, 15 mil hectares de arroz ainda estão no campo, e as águas das cheias estavam elevando o nível da lagoa e represando os caudatários. A preocupação maior também é com as lavouras de soja, em especial as de terras baixas, que podem ser afetadas em mais de 60%.

Na Zona Sul as máquinas aproveitaram os últimos dias, sem chuvas, para avançar na colheita. As operações estão adiantadas no arroz, mas alcançaram menos da metade das áreas com soja. No entanto, municípios como Jaguarão e Santa Vitória do Palmar passaram por fenômeno climático similar ao da região Central há menos de um mês, com até 400 milímetros de chuvas em 2 dias. Lá, a estimativa que cerca de 2 mil hectares de arroz foram perdidos, e outros 10 mil tiveram queda importante da produtividade por causa do acamamento e debulha.

Muitas indústrias sequer conseguiram receber arroz, o que obrigou a transportadores e agricultores a manterem caminhões carregados e enlonados. Além da dificuldade de estradas, muitas empresas não tinham energia elétrica para proceder o recebimento. O momento do mercado é de avaliação e poucos negócios. Os produtores nem condições psicológicas de negociar têm no momento e também aguardam um cenário mais claro.

A tendência é de preços entre estáveis a mais altos.

VAREJO

No varejo a reação dos preços foi imediata. Nos supermercados os preços do arroz já começaram a reagir entre 2% e 3%, a depender da praça. A dificuldade de frete rodoviário a partir do Sul também deverá impactar os preços ao consumidor. O Governo Federal anunciou que irá liberar importações, provavelmente retirando a TEC de 10% e 12% sobre o arroz em casca e branco, e também pretende promover leilões de compra de arroz nacional para garantir suporte ao abastecimento interno e conter uma escalada inflacionária. As regras deste leilão, porém, não foram divulgadas. O setor preocupa-se com um possível retorno da formação de estoques reguladores e uma política intervencionista do governo federal.

1 Comentário

  • Sinceramente não entendo o alarmismo que estão criando para o setor arrozeiro! Colhemos mais de 10 milhões de toneladas, iremos importar 1,5 milhões de toneladas do Mercosul e se os preços internos não forçarão as exportações esse ano! Em fevereiro avisei aqui para os problemas climáticos e os riscos de redução na produtividade em função do plantio tardio! Não vai faltar arroz Srs. Industriais e Atacadistas… E se o objetivo do governo é reduzir os preços aos pobres produtores acredito que será um baita tiro no pé!

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