Colheita do arroz começa com preços em baixa

Expectativa é de reação com liberação de R$ 600 milhões em EG.

As chuvas que inviabilizaram muitas lavouras de arroz no Estado, e que podem resultar em perdas de até 1 milhão de toneladas e prejuízo de R$ 600 milhões, não são o único motivo de preocupação dos arrozeiros gaúchos. Em plena abertura da colheita do arroz, os preços cotados em média a R$ 28,80 a saca de 50 quilos estão abaixo do esperado, especialmente depois do aumento dos custos de produção de uma média de R$ 32,00 por saca produzida, para R$ 39,00. O analista da Safras e Mercado Élcio Bento afirma que os preços baixos devam se manter até abril, período durante o qual estará entrando a nova safra. Depois disso, a expectativa é de que os valores comecem um movimento de retomada, podendo ultrapassar os R$ 30,00. “Haverá pouco arroz disponível no mercado e teremos que focar em importações”, previu o especialista.

A expectativa do setor é de que a liberação de R$ 600 milhões em Empréstimo do Governo Federal (EGF), anunciada pelo Ministério da Agricultura, durante a Abertura Oficial da Colheita, realizada no final de semana em Camaquã, possa fazer com que os preços reajam. “Foi em função dos baixos valores da saca de arroz que solicitamos a verba para EGF, que possibilitará ao produtor fazer caixa”, explica o presidente da Federarroz, Renato Rocha. O dirigente disse que o governo sinalizou com outros R$ 600 milhões, caso fosse necessário.

A estimativa de produção no País é de 11,8 milhões de toneladas, para um consumo de 12,9 milhões e necessidade de compra de 1,8 milhão de toneladas. O estoque de passagem chega a 1 milhão de toneladas. Mesmo frente a esse cenário, o Estado irá manter o volume exportado, que em 2009 ultrapassou as 800 mil toneladas.

Dados divulgados pelo Irga dão conta de que a produção no Estado deva ficar em torno de 7 milhões de toneladas, ante a expectativa de chegar a 8,1 milhões divulgada antes dos problemas climáticos. Em 2009, a produção total chegou a 8,04 milhões de toneladas, com uma produtividade de 7.280 quilos por hectare. “Semeamos 1.084.408 hectares, dos quais devemos colher 1.041.728 hectares, pois temos 42 mil perdidos”, diz o presidente do Irga, Maurício Fischer. A previsão de quebra de 1 milhão de toneladas, foi calculada com base num histórico dos últimos 13 anos de ocorrência de El Niño, que demonstram redução produtiva entre 10% e 13%. Conforme a Emater, nesse período inicial da colheita, o desenvolvimento das lavouras foi beneficiado pelas condições meteorológicas da semana, com redução das chuvas, temperaturas altas e boa insolação. Esses fatores colaboraram para acelerar as fases da cultura e possibilitar o início da colheita, que fechou a semana com 3% da área colhida. Em alguns municípios como Uruguaiana e Quaraí, a média inicial está em 8 mil quilos por hectare.

Rocha disse que as demandas encaminhadas a Brasília focadas na necessidade de recursos para reduzir o impacto financeiro da quebra de safra voltarão a ser debatidas amanhã, em reunião com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Os arrozeiros solicitaram rebate de 90% do custeio da safra 2009/2010, para produtores com perdas acima de 50% e proporcional à área financiada e efetivamente perdida, além de prorrogação do saldo em cinco parcelas sem juros. Em relação às parcelas de investimentos, para produtores com perdas de até 50%, rebate proporcional à área perdida, e para o que tiveram prejuízos acima disso, rebate de 90%. O setor solicitou crédito emergencial de R$ 250 milhões.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter