Colheita gaúcha de arroz está chegando à metade
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) A colheita de arroz do Rio Grande do Sul, na temporada 2021/22 está chegando à metade da área semeada. Nesta semana, o levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) sobre a evolução da colheita no Estado aponta para 439.087 hectares colhidos, o que representa 45,87% da superfície total semeada (957.185 ha). A produtividade média desta temporada está em 8.476 quilos por hectare, e é levemente superior à média obtida uma semana antes, em torno de 8.280 kg/ha (a tabela divulgada pelo Irga continha um erro no cálculo da média). Ou seja, subiu 200 quilos por hectare nesta fração colhida.
Duas das seis regionais arrozeiras já ultrapassaram os 50% de área colhida. A Fronteira Oeste é a mais adiantada, com 180.795 hectares, o que representa 63,51% do terreno plantado; e a Planície Costeira Externa à Lagoa dos Patos, que registra até o momento 57.734 hectares, o equivalente a 53,94% da superfície. Os dados foram tabulados pela Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural, a partir de informações das equipes dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) do instituto junto aos produtores e atualizadas por meio da plataforma “Safras Irga”.
O Irga ressalva que as áreas consolidadas como perdidas em virtude da estiagem não estão sendo contabilizadas, assim como as afetadas pelo granizo. Extraoficialmente, estima-se que essas áreas somem perto de 40 mil hectares, sendo 32,5 mil na Fronteira Oeste com as cidades mais afetadas: Alegrete, Itaqui, Maçambará, São Borja e Uruguaiana.
Além disso, os períodos prolongados de altas temperaturas no estádio reprodutivo da cultura também estão sendo apontados como responsáveis pela perdas de produtividade em algumas lavouras, em especial na Fronteira Oeste e Depressão Central, e afetando a qualidade do grão. Essas perdas serão computadas de forma consolidada no final da apuração, segundo o Irga.
Na Região Central, estima-se que 3.850 ha foram perdidos com a estiagem, principalmente nos municípios dos Núcleos do Irga de Cachoeira do Sul, São Sepé, Candelária, Agudo e Restinga Sêca. A região da Campanha contabiliza 2.300 hectares de lavoura de arroz perdidas devido ao prolongado período de estiagem. As cidades mais afetadas da regional são Cacequi, Santana do Livramento e São Gabriel. Os demais municípios tiveram perdas inferiores a 2% da área semeada, conforme levantamento parcial do instituto.
CICLO
O que também chama a atenção é que as variedades de ciclo mais precoce, como Guri Inta CL, BRS Pampa, Irga 431 já estão praticamente no final da colheita, e estão entre aquelas que sofreram mais com a estiagem gaúcha e tiveram impacto mais forte das temperaturas extremas na floração. Daqui pra frente, as empresas de assistência técnica públicas e privadas esperam maior concentração de lavouras que plantaram cultivares com teto de rendimento mais alto, casos do Irga 424 e Irga 424 RI, e dos híbridos. Portanto, há esperança de que nas próximas parciais a média por área possa ser levemente maior, em especial por uma entrada de fatia maior das colheitas da Zona Sul, da Planície Costeira Interna e da Campanha.
Mantida a média alcançada até agora e zerando os 40 mil hectares considerados perdidos pelo Irga, somando uma área de 917 mil hectares, a produção gaúcha poderia alcançar 7,77 milhões de toneladas.
Confirmando-se alta de alguns quilos, pode beirar os 7,9 milhões.
Mas, se a produtividade média seguir a tendência de outras safras passadas e for reduzindo à medida em que os cortes do arrozal avançam, o montante total poderá ficar abaixo das 7,5 milhões de toneladas, com uma redução de 1 milhão de toneladas para a colheita de produtividade recorde do ano passado.