Colheita justíssima
Com menor colheita em 25 anos, Brasil enfrenta desafios
O Brasil está colhendo em 2023 a sua menor safra de arroz em 25 anos. A produção deverá alcançar 9.947.700 toneladas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e consolidará uma queda de expressivos 7,8% sobre o volume colhido na temporada anterior, em 2021/22, quando alcançou 10.788,8 mil toneladas.
Desde a safra 1997/98 o país não colhia tão pouco arroz, mas naquela época foram cultivados 3,249 milhões de hectares, mais do que o dobro da área semeada na atual temporada. A produtividade não passou de 2.605 quilos por hectare. Na época, além da maioria da área brasileira ser cultivada em sequeiro, o arroz irrigado sofreu muito com enchentes, enxurradas e falta de luminosidade associadas ao excesso de chuvas ligadas ao fenômeno climático El Niño.
Boa parte da retração na colheita da atual temporada está associada à diminuição da área cultivada, enxugada em 9,2%, de 1.618.300 hectares para 1.468.800. A produtividade até subiu frente ao ano passado em 1,6%, para 6.773 quilos por hectare, quase o triplo de 25 anos atrás, diante do resultado em 6.667 quilos de 2021/22. Mas valor insuficiente para neutralizar a forte queda na dimensão da lavoura nacional.
Em produtividade, a concentração de maior área em sistema de produção irrigado e a retração do sequeiro explicam em parte o desempenho positivo. Mas, por outro lado, o aumento de quilos por hectare poderia ser bem mais significativo se pelo menos 30 mil hectares de lavoura não tivessem sido perdidos no Rio Grande do Sul por causa da seca.
Retração nos cinco grandes
Apesar dos problemas climáticos que obrigaram ao abandono de áreas, em especial na fronteira oeste gaúcha, ou a interrupções na irrigação por falta de água em arroios e barragens, o Rio Grande do Sul está consolidado como grande produtor do Brasil. Terminou a ceifa, segundo a Conab, com 6.934.400 toneladas do grão, o que representa 69,7% da safra total brasileira. Santa Catarina se mantém como segundo maior fornecedor brasileiro do cereal, com produção de 1.178.200 toneladas e área estável. O Tocantins é o terceiro e deverá recolher 532,2 mil toneladas nas lavouras, uma redução de 5,1%. O estado nortista encurtou em 12,7% a superfície semeada, mas elevou em 8,8% o rendimento por área.
Já o Mato Grosso, que planta mais de 90% de sua área em sistema de terras altas, colhe 270,5 mil toneladas, com nova retração significativa, de 18,5%. A área foi reduzida em 22,8%, para apenas 74,5 mil hectares, com o arroz dando ainda mais lugar à soja e ao milho. Já o Maranhão semeou 94,6 mil hectares (-8,7%) e também registrará queda expressiva no volume colhido (-18%), para 188,8 mil t. Nesta temporada, o Brasil está colhendo 841,1 mil toneladas a menos do que no ano passado.