Com 45% da área semeada, arrozeiros gaúchos acumulam perdas pelo El Niño

 Com 45% da área semeada, arrozeiros gaúchos acumulam perdas pelo El Niño

Lavoura na Pertile, Cachoeira do Sul, invadida pelo Rio Jacuí. Foto: Divulgação/Jornal do Povo

(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Apesar das chuvas que ocorreram esta semana em praticamente todas as regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, os trabalhos da semeadura do arroz arroz da safra 2023/2024 seguem avançando. Os produtores orizícolas gaúchos já cobriram uma área equivalente a 44,94% da previsão inicial realizada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) em agosto, com 405.520 hectares semeados. A intenção de plantio colhida ainda no inverno prevê 902.424 hectares. No ano passado, nesta mesma época, 50% da superfície havia recebido sementes. Naquele momento, em 2022, havia piso, mas faltava umidade no solo, situação completamente inversa à atual, em que sobra umidade e falta piso.

A Zona Sul é, das seis regionais arrozeiras, a mais adiantada. Já tem o equivalente a 83,68% da área projetada semeada (125.516 ha dos 149.989 ha estimados). A Fronteira Oeste registra 64%, ou 172.356, de 269.305 hectares previstos no total. Ainda segundo os técnicos do Irga, a região da Campanha alcançou 46,1% da superfície com operações de plantio concluídas nesta semana, ou sejam 59.233 hectares de um total estimado em  128.500 hectares).

De acordo com os dados tabulados pela Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater), a partir de informações repassadas pelos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) da autarquia e apuradas junto aos produtores, a Planície Costeira Interna à Lagoa dos Patos, está com 22,3% da área semeada até o momento são (29.237  de 131.080 hectares calculados pelo Irga). Já a Planície Costeira Externa atingiu 9,2% do previsto (9.420 ha de 102.367 ha). Na última posição está a região Central, que aparece no levantamento com 8,05% (9.758 ha de 121.183 hectares). Nesta região, a mais antiga do plantio de arroz no estado, é comum a semeadura tardia e a prática de permitir a emergência de duas a três “camadas” de invasoras que são dessecadas ou eliminadas mecanicamente para reduzir o banco de sementes de plantas daninhas. O fato de boa parte das áreas de plantio estarem em beiras de rios e serem muito baixas, também tem prejudicado o manejo inicial dos quadros.

Zonas ribeirinhas ao Rio Jacuí, por exemplo, voltaram a ser cobertas pela terceira vez em 40 dias, o que comprometeu algumas lavouras já plantadas pelos sistemas pré-germinado e cultivo mínimo. O agricultor Carlos Wachoolz, na localidade da Pertile, em Cachoeira do Sul, que também é presidente da União Central de Rizicultores (UCR) havia conseguido semear pelo sistema pré-germinado apenas 20% da área que destinará ao cultivo do cereal. Com a nova enchente, que segundo os meteorologistas deverá ser um fenômeno recorrente, contabiliza prejuízos. “Tem correnteza dentro da lavoura e a enxurrada levou os insumos, destruiu taipas, canais e isso exigirá o replantio e mais custos. Vamos ter que reavaliar o investimento”, reconhece o rizicultor.

3 Comentários

  • A essas alturas tem áreas com enchentes , que fica complicado pensar em plantar áreas de risco, passando as janelas de plantio, o risco retorno não compensa muito. Fica cada vez mais difícil se programar o plantio.

  • Cleitom sem querer arranhar sua competência como comentarista , o qual o admiro , mas os dados do Irga são pouco confiáveis , pois rarissima vez que foi feita qualquer pesquisa de intenção ou de área plantada , pelo menos na nossa região, tudo é fruto de chutômetro ou de alguma tecnologia da Nasa . Desculpe mas essa é a realidade .

  • Caro assinante. Agradeço e respeito muito sua opinião. Infelizmente não ficou claro para mim qual a sua região. Mas, se formos analisar os últimos 10 anos de prognósticos e resultados de lavouras realizados pelo Irga, em que pese em seu desfavor a perda de profissionais, investimentos e estrutura e apoio governamental, a sua margem de erro – se houve – foi mínima. Não apenas eu digo isso, mas pessoas como os meus amigos Antônio da Luz, Tiago Barata, Evandro Oliveira e um sem número de analistas, líderes setoriais e agentes de mercado. Sempre provoco da seguinte forma: se você não considera corretas as informações do Irga, apresente outra com a mesma capilaridade e credibilidade. Nunca alguém conseguiu me convencer sobre o Irga estar errado exatamente por jamais conseguirem me apresentar levantamento melhor ou que efetivamente transcreva a realidade. E, em geral, os números que o Irga apresenta se refletem ao longo do ano no comportamento do mercado. Me parece que na ausência de outro levantamento crível e cujos critérios sejam efetivamente comprovados, resta-nos o melhor que temos. E este, definitivamente, é o do Irga. Um grande abraço e, mais uma vez, obrigado por sua opinião. Mesmo que tenhamos visões um pouco diferentes sobre este assunto, em específico, estamos lado a lado na grande batalha pela valorização desta cadeia produtiva e deste magnífico produto que é o nosso arroz! Obrigado.

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