Com muitos obstáculos, 500 arrozeiros uruguaios puderam fazer mais
(Por El Observador, Uruguai) Cerca de 500 agricultores são responsáveis por uma nova safra de arroz com excelentes resultados, tanto que a produtividade pode bater um novo recorde quando os dados finais estiverem disponíveis, em uma campanha com saldo positivo, em claro contraste com as escassas colheitas das safras de verão em terras de sequeiro. Alfredo Lago, presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz (ACA), depois de informar que o final das operações, disse ao El Observador que, ao contrário de outros exercícios, a colheita de arroz 2022/2023 caracterizou-se pela extensão deste trabalho agrícola.
Foi uma longa colheita, daquelas que começaram mais cedo (na segunda semana de fevereiro) e terminaram agora, no final de maio. Tudo se deve ao modo como se deu a incidência do fator climático no desenvolvimento da cultura.
Os campos inicialmente plantados na primavera passada, onde não houve dificuldades, foram colhidos precocemente, mas houve outros onde surgiram complicações e o ciclo foi alargado. O importante, comentou, é que o risco de perda de área cultivada foi finalmente eliminado e o grão recolhido em toda a superfície.
Houve de fato algum impacto negativo na produtividade, mas não abandono das lavouras por
falta de água, foi difícil irrigar algumas áreas, ao final foi possível. A superfície diminuiu ligeiramente em comparação com a campanha anterior.
Destaque mundial
“É muito provável que o resultado seja um dos mais altos, talvez um novo recorde em produtividade da história do Uruguai. Hoje estamos vendo média de mais de 9.500 kg/ha, mas alguns dados finais precisam ser incorporados, então acreditamos que chegaremos a 9.450 quilos, cerca de 200 quilos a mais do que no ano passado e o terceiro ano consecutivo acima de 9.000 quilos por hectare, o que não é um fato menor porque no mundo poucos países fecham a colheita
nesses níveis”, afirmou Lago.
Sobre os fundamentos da conquista positiva e sustentada, disse que deve ser levado em consideração o fator climático, que de forma geral ajudou nesses três anos com o fenômeno La Niña, para uma planta subtropical que demanda disponibilidade de água para irrigação antes do plantio e em momentos-chave de desenvolvimento, altas temperaturas e boa radiação solar.
Outro aspecto de alta incidência é a expertise e capacidade dos orizicultores do Uruguai, que se destaca por sua grande eficiência no que diz respeito ao esforço de gestão do lado de dentro da porteira e qualidade do manejo agrícola. O desenvolvimento tecnológico também foi fundamental , como resultado do avanço na pesquisa genética com base no programa de arroz do Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INIA).
Últimas campanhas no Uruguai
Área: 159.700 hectares (164.000 hectares na campanha anterior).
Rendimento: 9.450 kg/ha (9.250 quilos na campanha anterior).
Volume: 1,51 milhão de toneladas (1,51 milhão de toneladas na safra anterior).
Custo produtivo: US$ 2.200 por hectare (US$ 1.900 na campanha anterior).
Recordes
205.000 hectares em 1998/1999.
9.400 kg/ha em 2020/2021.
1,63 milhão de toneladas em 2010/2011.
Melhoria em negócios no exterior
A produção alcançada este ano pela colheita de arroz no Uruguai, em torno de 1,5 milhão de toneladas, é um volume considerado “muito importante” por Alfredo Lago, que “vai gerar uma interessante receita de divisas para o país”.
O Uruguai exporta quase todo o arroz que produz para cerca de 60 mercados. Do volume de 2022/23, 30% já foi comercializado, o que é considerado uma boa quantidade, com preços superiores aos do ano passado nesta altura, 15% no caso do arroz em casca e 12% no arroz processado.
Em relação aos destinos, metade dos 30% já exportados foi para a Europa, confirmando aquele mercado como o que mais vem crescendo, tanto que na temporada passada demandou quase 40% do total exportado.
Voltando ao arroz deste ano já negociado, 20% foi para o Brasil e outro destino relevante é o Iraque com 12% a 13%, também a América Central, principalmente Costa Rica e Panamá têm volumes relevantes.
Melhora de preços
Alfredo Lago, presidente da ACA, por fim considerou uma questão fundamental: a margem de lucro do agricultor, numa campanha que se visualiza com saldo positivo. Ele explicou que há uma melhora na produtividade, não de grande notoriedade, mas que contribui.
Houve, ao mesmo tempo, um aumento de 15% nos custos de produção e isso anda de mãos dadas com outro fator adverso, o atraso cambial “que tem um efeito muito negativo”. A solução para absorver um aumento no custo por hectare de pouco mais de US$ 200 está no aumento do preço que o produtor recebe pelo grão.
Nesse sentido, disse que se espera um valor “significativamente melhor” do que o último preço acordado, que foi de US$ 12,27 a saca de 50 quilos de arroz seco e limpo.