Começa colheita de arroz irrigado em várzeas do Orós, no Ceará

Mal começou a safra, os produtores reclamam da queda do preço da saca de 60 quilos do grão com casca no Ceará.

Começou a colheita de arroz nas várzeas do Açude Orós, no município de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará. Três máquinas fazem o trabalho em uma área de 300 hectares. A produção estimada é de 1.800 toneladas. É uma das maiores áreas de produção irrigada do grão no Ceará. A colheita mecânica deve se estender até o próximo mês.

Nesta época do ano, o verde do arrozal nas várzeas do Açude Orós contrasta com outras áreas do sertão cearense que está seco e as famílias enfrentam falta de água. Nas vazantes ou áreas irrigadas há trabalho e produção. É época de colheita. Nas áreas de roças, as máquinas trabalham sem parar e há sacos e montes de arroz em casca.

O trabalho é intenso até meados de janeiro de 2014. É preciso colher os grãos antes da chegada das chuvas, que estraga o arroz na época de colheita. Além do entorno do Açude Orós, as várzeas do Rio Jaguaribe formam o cinturão de produção de arroz irrigado no município de Iguatu.

A grande parte será colhida até o fim deste mês. Os produtores rurais disseram que a produção superou a expectativa inicial, mas reclamam da queda de preço do produto. A saca de 60 quilos de arroz em casca era vendida até o mês passado por R$ 50,00, mas agora caiu para R$ 40,00. "O custo de produção é elevado", disse o agricultor Marconi Chagas da Silva. Cerca de mil agricultores foram beneficiados na atividades.

O clima é de alegria entre os produtores rurais em face da elevada produção, mas há descontentamento por causa da queda no preço do produto verificado nos últimos dias. Mal começou a colheita, os empresários das indústrias de beneficiamento e os atravessadores locais reduziram o valor de compra do produto.

O agricultor César Lucas plantou 30 hectares em parceria com quatro rendeiros. Desde 2002 que ele está na atividade. "Quando a colheita começa, o preço do produto cai e isso prejudica todos os produtores", lamentou.

"Temos despesas com adubo, combate de praga, e elevado custo com energia elétrica para o bombeamento da água para irrigação da lavoura".

O plantio começou em agosto passado, com apoio da Prefeitura de Iguatu, por meio da Secretaria de Agricultura do Município, que abriu um canal de terra e permitiu a transferência de água do Rio Jaguaribe para as áreas de produção, nas várzeas do Açude Orós, o segundo maior reservatório do Estado, que acumula atualmente 52% de sua capacidade, segundo dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh).

Para favorecer a produção irrigada de arroz nas várzeas do Açude Orós, o nível da água não pode estar muito baixo, pois fica distante das áreas tradicionais de produção. Também não pode estar elevado, porque encobre as terras produtivas.

Quando começou o plantio em torno de 60%, em agosto, passado, houve dificuldades para o bombeamento da água para a irrigação da lavoura, uma vez que, em outubro e novembro passado, a água baixou rápido e se distanciou das áreas de produção. "Este é o segundo ano seguido de seca, sem recarga do açude", observou o produtor Francisco José Eudes Braz.

Os agricultores fazem o bombeamento da água do Rio Jaguaribe ou do próprio reservatório para as áreas de produção. A região de Serrote e de Várzea Grande, neste ano, foram as beneficiadas com o plantio. "Se não fosse a queda de preço do produto, a nossa situação seria melhor porque a colheita está boa, mais do que o esperado", disse o produtor rural Eudes Braz.

O prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara, disse que a Prefeitura deu apoio à produção de arroz irrigado nas várzeas do Açude Orós e que a atividade assegurou geração de emprego e renda no campo.

O município firmou parceria e contribuiu com a escavação e limpeza do canal. "É uma atividade importante para a economia local, mantém os agricultores no campo, criando oportunidades de trabalho e de renda", disse. "Estamos trabalhando para aprovação de um projeto de construção de um canal permanente, desde a localidade de Carnaúba até o Serrote e Várzea Grande".

O agrônomo da Ematerce, Jaime Uchoa, disse que o cultivo de arroz nas várzeas do Açude Orós é uma atividade que se estende desde a construção do reservatório, no início da década de 1960. "O plantio irrigado gera emprego e renda no campo e, apesar das sucessivas crises em decorrência do elevado custo de produção, contribui para manter a família do agricultor no campo", observou ele.

Nos municípios de Iguatu e de Quixelô, o cultivo de arroz nas várzeas do Açude Orós mantém a vocação agrícola regional. "Gera emprego e renda e, por isso, é uma atividade que precisa ser apoiada", destacou o secretário de Agricultura do município, Marconi Sampaio.

Na gestão do ex-prefeito Agenor Neto foi feita a reabertura de grande parte do canal, mas em outra área. Neste ano, a região de Serrote e de Várzea Grande, no distrito de José de Alencar, foram as áreas beneficiadas.

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