Companhia egípcia estuda investir até US$ 1 milhão no Rio Grande do Sul
O presidente do Irga diz que foi surpreendido pela proposta, pois esperava que o interesse dos egípcios no Estado era de compra de arroz e não de produção.
A crise mundial dos alimentos tem levado muitas empresas a buscarem novas alternativas para a produção de grãos. É o caso da Rice, companhia egípcia que estuda investir entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão na produção de arroz do Rio Grande do Sul. A intenção é aplicar o dinheiro em áreas experimentais de até 200 hectares, com o objetivo inicial de introduzir novas tecnologias.
A meta, segundo o presidente da empresa, Mohamed El Helw, é desenvolver uma espécie de arroz árabe-brasileiro, para abastecer tanto o mercado interno, como os países árabes.
– Eles vieram conhecer a nossa metodologia de cultivo, ver as condições de infra-estrutura, conhecer tecnologias, tipo de solo – explica o presidente do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer.
Apesar de sinalizar com valores para investimentos no Estado e até a escolha da área, a visita da Rice teve caráter formal, com a proposta de estabelecer um intercâmbio.
Fischer diz que os produtores de arroz do Egito costumam alcançar alta produtividade, até 10 mil quilos por hectare.
– Mesmo assim, eles querem aumentar a produção do país, pois segundo o presidente da empresa, têm mercado para o produto, provavelmente na própria África – explica Fischer.
Para compensar a diferença de produtividade em relação ao Estado, cuja média fica em torno de 7 mil quilos por hectare, a intenção é promover o aumento do emprego de tecnologia. Antes, porém, será preciso saber se as cultivares egípcias se adaptam ao clima.
Os egípcios chegaram ao Rio Grande do Sul anunciando a intenção de produzir em uma grande área, fato que acabou não se confirmando.
– Chegaram aqui dizendo que iriam produzir em 200 mil hectares, achando que a terra era muito barata. Ficaram em 200 hectares como meta para iniciar o plantio – diz Fischer.
O presidente do Irga diz que foi surpreendido pela proposta, pois esperava que o interesse dos egípcios no Estado era de compra de arroz e não de produção. A empresa, segundo ele, também está fazendo reconhecimento de áreas na Austrália e em alguns países da África.
Se prosperar, novos investimentos serão feitos. Recentemente, o Egito suspendeu as exportações de arroz devido à crise mundial dos alimentos. A medida vale até outubro deste ano.